Celular, o alvo das gangues no Centro de Porto Alegre

Celular, o alvo das gangues no Centro de Porto Alegre

Carência de efetivo da Brigada Militar agrava a situação

Álvaro Grohmann

Uma das áreas nevrálgicas é a Praça da Alfândega

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A criminalidade que atinge a área central de Porto Alegre, evidenciada por uma onda de roubos de celulares e pertences de vítimas, faz a população cobrar uma ação mais enérgica do poder público estadual e municipal. A carência de efetivo da Brigada Militar agrava a situação.

Uma das áreas nevrálgicas é a Praça da Alfândega. Os assaltos, que ocorrem também em outros pontos da região, são praticados quase sempre por gangues de jovens de bonés que encurralam as vítimas. Os aparelhos roubados são repassados para vendedores, que comercializam com preços mais baixos ou servem como moeda de troca para obtenção de drogas. Nas redes sociais circulam informações de arrastões, negados pela Brigada Militar.

O vice-presidente da Associação Comunitária do Centro Histórico, Paulo Guarnieri, avalia que a violência urbana é fruto da “estrutura social estratificada, com diferenças gritantes, onde ter menos condena ao obscurantismo cultural e à falta de oportunidades, seja na educação, seja no trabalho, meios de integração social por excelência.” De acordo com ele, a criminalidade retrata “a falência da gestão pública como executora dos direitos constitucionais”. Paulo Guarnieri aponta ainda que essa situação é aguçada pelo amplo apelo ao consumo, pregando que “viver é consumir”.

O planejamento equivocado também é apontado pelo líder comunitário. “Exemplo é a autorização para o funcionamento dos inferninhos.” Guarnieri critica a omissão na aplicação eficaz de políticas públicas. “É o caso da concentração de núcleos de moradores de rua no Centro Histórico”, destaca. Em sua opinião, criminosos se aproveitam da sensação de vulnerabilidade desses espaços, escondendo-se com os necessitados.

Sete das oito câmeras de segurança instaladas na Praça da Alfândega funcionam. A informação é da Secretaria Municipal da Segurança. A oitava está em manutenção na Procempa. Os equipamentos, implantados em setembro de 2012, tinham ficado recentemente inoperantes. O monitoramento é feito no Centro Integrado de Comando da Capital (Ceic) e compartilhado com a Brigada Militar.

Policiamento intensificado
Apesar da falta de efetivo e corte de horas extras, a Brigada Militar empenha-se no combate à criminalidade em Porto Alegre. Responsável pelo Comando de Policiamento da Capital (CPC) da Brigada Militar, o tenente-coronel Mário Ikeda determinou a intensificação do policiamento ostensivo do 9º BPM no Centro, com apoio até do 1º BOE. Ações mais específicas estão sendo estudadas.

Sobre o roubo de celular, o oficial lamenta que a legislação branda possibilite o rápido retorno dos criminosos às ruas. Ele observa que, na ausência da vítima, a lei determina que o indivíduo seja liberado, ficando recolhido o aparelho roubado. Em caso de flagrante, acrescentou, a situação não muda muito. “Vamos prendê-lo hoje e encontrá-lo amanhã cometendo os mesmos delitos”, afirma. Mesmo assim, o oficial lembra a importância do registro da ocorrência do roubo pela vítima. “Quem compra deles pode ser assaltado amanhã ou foi vítima ontem”, observa sobre a venda de celulares roubados. O perfil jovem dos atuais ladrões preocupa o comandante, pois “estão entrando muito cedo no mundo do crime”.

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