Cinco homens e uma mulher viram réus por morte de dupla a machadadas na Vila Jardim, em Porto Alegre

Cinco homens e uma mulher viram réus por morte de dupla a machadadas na Vila Jardim, em Porto Alegre

Lucas Mello Guterres Francisco e Douglas Santos da Silva foram mortos após terem sido atraídos para uma festa no dia 19 de junho

Marcel Horowitz

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A Justiça aceitou a denúncia contra seis acusados de envolvimento em um duplo homicídio, ocorrido no bairro Vila Jardim, na zona Norte de Porto Alegre, no dia 19 junho. De acordo com o Ministério Público, cinco homens e uma mulher são responsáveis pelo assassinato de Lucas Mello Guterres Francisco e de Douglas Santos da Silva, mortos por golpes de machado. 

Todos os réus vão responder pelas acusações de homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e meio que dificultou a defesa dos ofendidos), cárcere privado, tortura, corrupção de menores e organização criminosa. O motivo do crime seria uma disputa pelo tráfico de drogas, como forma de atingir um dos líderes da facção criminosa rival à que pertenciam os acusados, já que ele era pai de um dos homens executados.


Ainda segundo o MP, na data dos fatos, a dupla teria sido atraída pela mulher até a casa dela, na rua Cananéia, supostamente para participar de uma festa, onde estava uma adolescente, que também estaria envolvida no crime, e um dos acusados. No decorrer da confraternização, após Lucas e Douglas terem consumido drogas e bebidas alcoólicas, outros três homens teriam entrado no imóvel, sendo que dois deles estavam vestidos com uniformes de policial militar, e rendido as vítimas, que foram algemadas e torturadas até a morte. Um sexto acusado teria ficado do lado de fora, à espera dos demais para fuga.

O inquérito da Polícia Civil aponta que a ré utilizou as redes sociais para seduzir as vítimas, apontadas como integrantes de uma facção que atua na Vila Jardim. Para armar a emboscada, ela teria sido contratada pela organização criminosa a qual pertencem os outros cinco réus, essa com base no bairro Bom Jesus, na zona Leste.
 

Ainda segundo a corporação, após a chegada dos criminosos usando fardas, foi feita uma ligação, por chamada de vídeo, a um dos mandantes do crime e para o pai de uma das vítimas, que seria uma liderança da mesma facção do filho. A cena dos dois homens sendo mortos a machadadas foi transmitida ao vivo. Conforme o apurado pela reportagem, a ordem para execução teria partido de Denilson Oscar Nunes, vulgo ‘Amarelo’, que atualmente cumpre pena no sistema prisional.

De acordo com o comandante do 11º BPM, tenente-coronel Daniel Araújo de Oliveira, uma das vítimas usava tornozeleira eletrônica, sendo que ambos os homens mortos tinham vastos antecedentes criminais, como tráfico, roubo e porto ilegal de armas. "A motivação do crime foi uma desavença interna dentro do tráfico de drogas. Eles [vítimas] seriam uma dissidência da facção da zona Leste, após brigas envolvendo a sucessão de lideranças", destacou. 

Em 20 de junho, no dia seguinte ao crime na Vila Jardim, um homem foi assassinado no bairro Bom Jesus. Segundo o boletim da ocorrência, dois homens invadiram a casa de Juliano Segundo, de 35 anos, na rua Carumbé, próximo às 18h30min, no momento em que ele preparava a janta para a filha, de 12. Na sequência, ele foi levado para uma sacada no segundo andar do imóvel e alvejado, vindo a despencar ao solo, onde foi atingido na cabeça por mais dois disparos de pistola calibre 9mm.

Juliano, conforme o registro, tinha antecedentes por tráfico de drogas, homicídio e roubo. O crime foi encarado como uma retaliação ao homicídio na Vila Jardim, uma vez que o morto era apontado como gerente da facção da Bom Jesus.

No mês seguinte, no dia 7 de agosto, foi deflagrada ‘Operação Mar Tirreno’, com o objetivo de conter a escalada do confronto entre as facções. Durante a ação, que contou com aproximadamente 200 policiais civis e militares, 15 criminosos foram presos, incluindo os acusados pelo crime na Vila Jardim. 


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