Como morte de líder de facção foi estopim para chacina na zona Norte de Porto Alegre

Como morte de líder de facção foi estopim para chacina na zona Norte de Porto Alegre

Operação Sangue Frio prendeu executores e mandantes do ataque a tiros que deixou cinco mortos e cinco feridos na Vila São Borja

Marcel Horowitz

publicidade

A morte do traficante Adalberto Arruda Hoff, o 'Beto Fanho', serviu de estopim para o ataque a tiros que vitimou cinco pessoas, no dia 14 de maio, na zona Norte de Porto Alegre. A Polícia Civil aponta que o criminoso, morto quatro dias antes durante um confronto com a Brigada Militar e agentes do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc), dominava o ponto de tráfico no bairro Sarandi onde ocorreu a chacina.

Uma vez eliminada a presença do líder, desafetos dele teriam ordenado a matança na rua B, também conhecida como rua Chuí, com o objetivo de tomar o controle da venda de drogas na Vila São Borja.  

"A morte do traficante [Beto Fanho] abriu espaço para que outros traficantes ocupassem aquele espaço [Vila São Borja]. A partir do falecimento do líder, ocorreu o crime que, além das mortes, também deixou cinco pessoas feridas", afirmou o chefe de Polícia, delegado Fernando Sodré. Ainda segundo ele, todas as vítimas tinham envolvimento com o crime organizado.  

A investigação sobre o atentado, feita pela 3º Delegacia de Homicídios, resultou na Operação Sangue Frio, deflagrada nesta quinta-feira, contando com 400 policiais civis e militares. A  ofensiva engloba 20 mandados de prisão preventiva, um mandado de prisão temporária e 66 mandados de busca e apreensão em Porto Alegre, Cachoeirinha, Alvorada, Novo Hamburgo, Canoas, Santa Cruz do Sul, Sapucaia do Sul e Cidreira, além de Criciúma, em Santa Catarina.

Até o momento, 25 criminosos já foram presos, sendo parte desses em flagrante. Também foram apreendidos três revolveres, uma pistola e porções de cocaína.

Conforme apurou o Correio do Povo, a disputa na Vila São Borja foi fruto do rompimento entre traficantes do mesmo grupo. Quando foi morto, na área rural de Gravataí, na região Metropolitana, Beto Fanho estava foragido, após romper uma tornozeleira eletrônica. Antes de ser solto, em novembro de 2020, ele teria sido vítima de uma tentativa de homicídio dentro do sistema prisional. Além disso, no final de 2022, ele sofreu outro ataque, dessa vez a tiros, em Sentinela do Sul. 

Ordem para chacina partiu do sistema prisional 

Após ter sido alvo dos rivais, Beto Fanho, teria determinado a expulsão de todos os seus desafetos da Vila São Borja. A chacina no dia 14 de maio seria uma tentativa de retomar o controle do tráfico após a morte do chefe, orquestrada pelos traficantes que foram expulsos.

Conforme relatórios da Segurança Pública, dois dos homens que apertaram o gatilho durante o atentado são Douglas Chu Martins e Adrielson Gomes da Silva, o 'Nego Adi'. Ambos foram presos durante a Operação Sangue Frio, sendo o último capturado em Criciúma. 

O registro também aponta que o ataque foi organizado dentro do sistema prisional. Por conta disso, os apenados Kessy Fernando Pedroso Rainel e Jean Luis Pereira da Silva, que teriam coordenado o crime, tiveram prisões preventivas decretadas, apesar de já estarem cumprindo pena na Penitenciária Estadual de Canoas. 

Ordens de prisão semelhantes também foram autorizadas em relação a detentos na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), sendo esses Jackson Peixoto Rodrigues, o 'Nego Jackson', e Leonardo Ramos de Souza, o 'Peixe'. A dupla é apontada como liderança da facção.

Além deles, Gabriel Talayer Rodrigues, o 'Benzemar', e um outro criminoso de alcunha 'Novinho', que seriam lideranças na Penitenciária Modulada Estadual de Osório, também tiveram as prisões preventivas decretadas. 


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895