Corpo da menina Naiara é sepultado em Caxias do Sul

Corpo da menina Naiara é sepultado em Caxias do Sul

Cidade da Serra teve diversos protestos depois que o corpo foi encontrado

Celso Sgorla

Velório de Naiara mobilizou centenas de pessoas em Caxias do Sul

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O corpo da menina Naiara Soares Gomes, de 7 anos, foi sepultado nesta quinta-feira no cemitério público municipal de Caxias do Sul, num clima de forte comoção. O caixão com o corpo da jovem foi levado até o local em um cortejo com o caminhão do Corpo de Bombeiros.

Ela foi encontrada morta na tarde dessa quarta-feira depois de ter ficado desaparecida por 12 dias. A menina havia sido raptada no dia 9 de março, quando estava a caminho da Escola Municipal de Ensino Fundamental Renato João Cesa, no bairro São Caetano.

O corpo dela, já em adiantado estado de decomposição, foi encontrado nas proximidades da represa do Faxinal, na região de Ana Rech, em Caxias do Sul. O local foi apontado pelo homem que admitiu que a raptou, estuprou e matou e que foi preso na tarde de quarta-feira, no bairro Serrano.

Desde a madrugada de quinta-feira, quando iniciou o velório na capela mortuária do bairro Esplanada e depois transferido para a igreja Santo Antônio, centenas de pessoas passaram pelo local para se despedir da menina. Moradores do loteamento Monte Carmelo, onde ela morava, manifestaram-se na frente da capela com balões brancos e gritos como “Naiara vive” e “Naiara está aqui”. Também cobraram da prefeitura escolas mais próximas de suas casas, para garantir segurança às crianças.

Como homenagem, neste sábado a Escola Municipal Renato João Cesa, onde Naiara estudava, promoverá uma caminhada pela paz, com saída às 9h, do local em que ela foi capturada, na rua Júlio Calegari. O grupo se deslocará até a escola.

Protestos

A brutal morte da menina Naiara também motivou uma série de protestos de moradores de Caxias do Sul. Ainda na noite de quarta, um grupo se concentrou em frente ao prédio da Delegacia Regional, onde ocorria o depoimento do suspeito do crime pedindo justiça.

Já na madrugada desta quinta-feira as manifestações ocorreram na BR 116, em frente à Penitenciária Industrial de Caxias do Sul (PICS), para onde o homem foi conduzido. A rodovia chegou a ser bloqueada pelos manifestantes. Por volta das 4h, os bombeiros foram acionados para apagar o fogo na casa do suspeito. Apenas a porta da garagem da estrutura foi danificada com o fogo.

Durante a manhã, os órgãos de segurança pública transferiram o preso para um presídio da região Metropolitana de Porto Alegre como medida de segurança em função dos protestos de populares.

O delegado regional de Caxias do Sul, Paulo Rosa da Silva, disse que o homem atraiu a menina por volta das 7h de 9 março, oferecendo uma mochila com um boneco. Assim, fez com que ela entrasse no veículo.

Homem manteve rotina após crime

Conforme o delegado, o homem contou que assim que a menina entrou no carro, deu para ela uma bebida alcoólica doce e foi até sua casa, no bairro Serrano. Com a menina embriagada, o homem revelou ter abusado sexualmente de Naiara e a matado logo após o abuso. Em seguida, enrolou o corpo e levou até a represa.

Imagens de câmeras de segurança foram fundamentais na investigação, segundo o delegado. Os investigadores conseguiram captar alguns detalhes do veículo, como a calota e um adesivo, até chegarem a uma letra da placa. O policial disse que cerca de 500 veículos foram analisados até chegar ao carro do suspeito. Além disso, as características físicas batiam com o retrato falado do suspeito de ter estuprado outra menina em Caxias no ano passado. A causa da morte de Naiara só será oficialmente conhecida quando o IGP emitir o laudo de necropsia.

O homem preso pela Polícia Civil trabalha em uma empresa da indústria metalúrgica em Caxias do Sul. Segundo as investigações, ele estava de atestado no dia em que cometeu o crime. Depois, no entanto, ele manteve a rotina normalmente, indo trabalhar das 17h às 2h.

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