Delegado questiona atuação da BM em rapto de bebê

Delegado questiona atuação da BM em rapto de bebê

Polícia Civil só teria sido informada duas horas após o roubo em Porto Alegre

Correio do Povo e Rádio Guaíba

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A Brigada Militar (BM) não teria dado a devida atenção ao rapto de uma recém-nascida do Hospital Santa Casa de Porto Alegre nessa terça, segundo denúncia do titular da 17ª Delegacia de Polícia da Capital, delegado Hilton Müller, em entrevista à Rádio Guaíba nesta quarta-feira. A Polícia Militar foi comunicada pela segurança do hospital, mas a Polícia Civil só teria sido informada duas horas após o roubo.

“Tomei conhecimento através da imprensa”, contou Müller. “Para minha surpresa, ligaram para saber como estava a investigação do seqüestro da criança recém-nascida no hospital Santa Casa”, revelou. O delegado pensou que o caso estivesse com a Delegacia Especializada da Criança e do Adolescente Vítima, mas ao ligar para o colega dessa unidade, ele também desconhecia o fato.

“A Polícia Militar foi comunicada, não foi ao local e não nos informou”, denunciou Muller. Segundo ele, essa ocorrência foi iniciada e encerrada cinco minutos após o início. “Isso é um fato muito grave”, constatou o delegado. “Nossa indignação foi apresentada para a procuradora da Santa Casa”, informou Muller. Mas ela respondeu ao delegado que o fato havia sido imediatamente comunicado à Polícia Militar.

De acordo com o delegado, essa “falha de comunicação” é resultado do novo sistema implantado pelo Centro Integrado de Comando e Controle (CICC). “A PM foi informada, a pasta foi aberta e encerrada cinco minutos depois”, contou Muller. O delegado destacou que o histórico da ocorrência é grave porque fala do rapto de uma criança recém-nascida do hospital Santa Casa.

O chefe da Comunicação Social da BM, tenente-coronel Carlos Alberto Luvizetto Selistre, informou a reportagem que a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado é o órgão que se pronunciará sobre o fato. A assessoria de imprensa da SSP afirmou que o caso está sendo apurado. A secretaria quer identificar a pessoa que atendeu a ligação do 190 e verificar como a ocorrência foi encaminhada. Um representante da SSP deve se pronunciar no início da tarde. 

O rapto

Por volta das 16h dessa terça-feira, uma recém-nascida foi levada da Maternidade Mário Totta do Complexo Hospitalar Santa Casa, em Porto Alegre. Uma mulher que vestia roupas brancas, se passou por uma enfermeira para entrar no quarto onde mãe e filha estavam. Ela pegou o bebê com a desculpa de que teria que realizar exames.

A mãe desconfiou do uniforme diferente das demais funcionárias e foi até o setor de enfermaria. No local, foi informada de que não havia nenhum procedimento agendado. A segurança foi acionada, mas a mulher que se passou por enfermeira já havia saído do hospital.

A mulher foi identificada pelas imagens do circuito interno de câmeras, saindo do hospital com a criança no colo e entrando em um táxi. O taxista relatou à polícia que ao sair da Santa Casa, ele levou a mulher até o Hospital Presidente Vargas, que fica nas proximidades. Mas essa deve ter sido uma tentativa de despistar o motorista, porque ela não deu entrada no hospital.

A prisão

A mulher foi localizada juntamente com o bebê e detida por policiais da 17ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre por volta da 1h30min desta quarta-feira, mais de nove horas depois do rapto.

Em depoimento a polícia, a mulher que raptou uma recém-nascida do Complexo Hospitalar Santa Casa, em Porto Alegre, disse que iria devolver o bebê à mãe. A mulher, que estaria grávida, alegou que a intenção era que uma criança fizesse companhia à outra, mas depois teria percebido que não daria conta de cuidar dos dois bebês. Não há comprovação médica de que a mulher era gestante, mas ela contou à polícia que já havia comprado os produtos para chegada do seu filho.

A assessoria de imprensa da Santa Casa informou que se empenhou em divulgar as imagens e indicar funcionários para prestar depoimento à Polícia Civil. A instituição também deve abrir uma sindicância para averiguar as responsabilidades sobre a fragilidade na segurança. 

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