Democratas acusam Trump de incitar insurreição e regozijar-se com violência

Democratas acusam Trump de incitar insurreição e regozijar-se com violência

Senado julga impeachment do ex-presidente dos EUA

AFP

Trump enfrenta julgamento no Senado

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Donald Trump incitou a insurreição e se regozijou com a violência perpetrada por seus simpatizantes durante a invasão ao Capitólio, declarou nesta quarta-feira (10) o congressista que lidera a parte acusadora no julgamento político contra o ex-presidente no Senado americano.

Depois de atiçar seus partidários por semanas, alegando que a eleição havia sido roubada, Trump "renunciou ao cargo de comandante-chefe e se tornou o incitador-chefe de uma perigosa insurreição" em 6 de janeiro, afirmou o legislador democrata Jamie Raskin, que age como promotor no processo.

Os democratas devem convencer 17 senadores republicanos de que o ex-presidente é culpado da acusação de incitamento à insurreição, caso queiram reunir a maioria necessária para condená-lo, resultado que no momento parece improvável.

Raskin acrescentou que "as evidências mostram que ele sabia o que estava para acontecer e que não ficou surpreso com a violência".

"Quando, inexoravelmente e inevitavelmente, a violência ocorreu, mergulhando este órgão e a Câmara de Representantes no caos, nós iremos mostrar que ele abdicou totalmente de suas funções", ressaltou o legislador democrata.

"Ele se regozijou com isso e não fez nada para nos ajudar como comandante-chefe", argumentou Raskin.

Espera-se que a apresentação das acusações por parte dos delegados democratas da Câmara de Representantes leve alguns dias, ao contrário do primeiro julgamento de impeachment contra Trump no ano passado por acusações de abuso de poder, um processo que se arrastou por três semanas.

A multidão "foi enviada para cá pelo presidente, convidada pelo presidente dos Estados Unidos", alertou Raskin.

Antes da tomada do Capitólio, Trump havia se dirigido aos seus seguidores perto da Casa Branca dizendo-lhes que as eleições de novembro foram "roubadas", e em seguida os encorajou a "lutar com garra".

O objetivo do processo no Senado é declarar Trump culpado e então organizar outra votação para desqualificá-lo politicamente.

Porém, esse cenário parece improvável, caso seja analisado o resultado do voto de terça-feira para dimensionar a constitucionalidade do processo, esse no qual apenas seis republicanos votaram junto aos democratas.

Para os advogados de Trump, é "absurdo e inconstitucional fazer um julgamento político contra um cidadão comum", um argumento repetido por muitos republicanos.

Trump - que está na Flórida desde que deixou a Casa Branca no último 20 de janeiro - não comparecerá no julgamento e até o momento permanece calado.

Cada uma das partes terá 16 horas para apresentar o seu caso e os senadores terão até quatro horas para fazer perguntas.

Na terça-feira, legisladores democratas que atuam como promotores concentraram sua estratégia em lembrar aos 100 senadores que atuam como jurados - e aos americanos - o aumento da violência nos incidentes, que deixaram cinco mortos.

Os senadores que viram as imagens projetadas da multidão de apoiadores de Trump assumindo o Capitólio também testemunharam os eventos e tiveram que ser evacuados naquele dia em meio ao caos.

A filmagem mostrou multidões gritando lemas pró-Trump, ao mesmo tempo em que invadiam o local, interrompendo um processo de certificação eleitoral pela primeira vez na história dos EUA.

"Se isso não é um delito que mereça um impeachment, então não sei o que poderia ser", defendeu Raskin.

Processo sem surpresas

O senador republicano Bill Cassidy, que votou a favor da continuidade do processo, disse em seu Twitter que os democratas tinham "argumentos muito mais fortes" do que os advogados de Trump.

Trump é o primeiro presidente da história a enfrentar dois impeachments, e o primeiro a ser processado após deixar a Casa Branca.

A equipe jurídica de Trump acredita que um ex-presidente não pode ser processado e considera o julgamento como sendo "absurdo".

Também argumentaram que o discurso de Trump no dia da tomada do Capitólio é constitucionalmente protegido pelo direito à liberdade de expressão.

Mas para Raskin, "descrever Trump como alguém que esteja na rua sendo punido por suas ideias é uma descrição falsa de suas ações".

Embora não haja suspense sobre o resultado, surpresas ainda podem surgir quando o chefe da minoria republicana Mitch McConnell supostamente comentou com seus correligionários para votarem de acordo com sua consciência e não aliados a questões partidárias.


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