Depoimento inconsistente leva polícia a suspeitar de sócio em morte de empresário mineiro

Depoimento inconsistente leva polícia a suspeitar de sócio em morte de empresário mineiro

Samuel de Melo, de 41 anos, foi morto em Santo Antônio da Patrulha

Correio do Povo

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As pistas que levaram à elucidação da autoria do desaparecimento e assassinato do empresário mineiro Samuel Eberth de Melo, 41 anos, foram divulgadas pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) durante a entrevista coletiva sobre o caso na manhã desta segunda-feira no Palácio Polícia, em Porto Alegre. “Desde o dia 3, quando foi feito o registro do desaparecimento do Samuel, nós iniciamos contato com o sócio dele a fim de verificar o que poderia ter acontecido e coletar mais informações, uma vez que o sócio foi a última pessoa que teve contato”, recordou a titular da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) de Novo Hamburgo, delegada Marcela Ehler.

O sócio gaúcho da vítima na venda de veículos trazidos de Minas Gerais para o Rio Grande do Sul contou que o empresário havia viajado com duas mulheres para Gramado, na Serra. “A partir de um depoimento extremamente inconsistente, nós verificamos que o Samuel jamais teria ido a Gramado. O veículo por ele indicado como utilizado pelo Samuel para ir a Gramado não rodava há mais de dois meses”, observou.

“De acordo com as câmeras de monitoramento seria impossível que ele tivesse ido para aquele município sem passar por nenhum pedágio ou por alguma câmera de monitoramento. A partir daí, nós começamos a investigar outros detalhes, como as redes sociais do Samuel que apontaram uma passagem dele no município de Santo Antônio da Patrulha, mais especificamente em frente a uma igreja que foi identificada como muito próxima à residência do suspeito, inclusive na mesma rua”, acrescentou.

O registro do último sinal do telefone celular da vítima naquela região, na tarde do dia 2 deste mês, também aumentou ainda mais a desconfiança dos policiais civis. O sócio gaúcho acabaria sendo preso no dia 3. O avanço do trabalho investigativo possibilitou a descoberta de que o suspeito havia comprado três metros de lona plástica, duas pás, uma enxada e um par de luvas em loja de material de construção de Santo Antônio da Patrulha. Em dois veículos, sendo um usado pelo sócio gaúcho, revelaram manchas de sangue, cuja origem está sendo apurada pelo Instituto-Geral de Perícias.

“A partir daí, nós tivemos mais certeza de que a vítima teria sido executada e junto a isso delimitamos aquele perímetro no qual foram realizadas buscas incansáveis ininterruptas por três dias”, frisou a delegada Marcela Ehler. Uma denúncia recebida no período de buscas fez com que todas as casas abandonadas no interior do município fossem alvo de intensas buscas nos últimos dias. “O fato de ter sido encontrado o óculos da vítima também nos deu a impressão de que o local da execução poderia ser ali também”, lembrou.

A percepção acabou se confirmando com a localização do corpo na madrugada desse domingo em um barranco próximo de um bananal e de um riacho. “O terreno daquele local é muito pedregoso. Ele não é um terreno próprio para escavação”, constatou a titular da DHPP de Novo Hamburgo. O corpo da vítima não foi enterrado, mas coberto com folhas, caliças e restos de telha.

“O que nos aliviou foi poder entregar o Samuel de volta à sua família”, disse a delegada Marcela Ehler. O diretor do DHPP, delegado Mario Souza, também destacou o alívio em encontrar o corpo da vítima para que os familiares pudessem “dar um enterro digno”. Ele recordou que o primeiro foco na investigação foi localizar o empresário mineiro ainda vivo. “Foi um caso muito difícil e muito grave. Sem dúvida, em 2023, foi o caso mais complexo do DHPP”, admitiu.

O delegado Mario Souza agradeceu ainda a integração com as outras instituições da área da segurança pública, além de compartilhar com todos que a família da vítima agradeceu o empenho no caso. “Foram sete dias intensos que o DHPP ficou focado nesse caso. Chegamos a colocar em Santo Antônio da Patrulha mais de 60 policiais civis, com apoio da aeronave. Usamos modernas técnicas de investigação para poder encontrar o local e também a investigação de rua. Era realmente uma agulha no palheiro”, enfatizou.


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