Empreiteiras investigadas realizavam as principais obras públicas no RS, afirma PF

Empreiteiras investigadas realizavam as principais obras públicas no RS, afirma PF

Operação busca descobrir suposto esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas

Correio do Povo

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* Com informações da Agência Brasil

A investigação da Polícia Federal acerca de um suposto esquema de lavagem de dinheiro envolvendo três empreiteiras e duas entidades associativas do setor no Rio Grande do Sul aponta que as empresas investigadas, segundo a delegada Ilienara Cristina Karas, responsável pela investigação, assinalou que elas realizavam as principais obras públicas no Rio Grande do Sul, sobretudo rodoviárias. “Usamos as informações compartilhadas da Lava Jato”, recordou, referindo-se ao começo do trabalho investigativo. Além da lavagem de lavagem de capitais, a Polícia Federal apura evasão de divisas, crimes contra o sistema financeiro nacional e corrupção. Toda a documentação apreendida será agora periciada e analisada.

A operação Étimo, desencadeada nesta quarta-feira, tem o objetivo de apreender documentos que comprovem o crime ocorrido entre os anos de 2000 e 2011 durante execução de obras públicas federais em rodovias gaúchas, envolvendo pelo menos R$ 30 milhões. O trabalho investigativo teve início a partir de dados vindos da 26ª fase da Lava Jato, denominada operação Xepa, ocorrida em março do ano passado e que resultou na época na prisão de um doleiro, já solto, que operava em território gaúcho. Os mandados judiciais foram cumpridos em Porto Alegre, Canoas e Glorinha, além de Brasília. Houve ainda sequestro judicial de bens e o afastamento de sigilo dos investigados.

Chefe da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros da PF no RS, o delegado Alexandre Isbarrola observou que o esquema é muito semelhante ao verificado na Lava Jato. “O ingrediente novo é a participação de entidades associativas para dificultar ainda o rastreamento do dinheiro. Um grupo de empreiteiras contratavam empresas de fachada, dando aparência de legalidade através de contratos de assessoria, pagando milhões de reais em espécie, sendo sacados e movimentados os valores em paraísos fiscais no exterior”, afirmou.

Alexandre Isbarrola disse que se trata de “um grande quebra-cabeças” a ser montado envolvendo o desvio de recursos públicos. “Grandes empreiteiras ligadas às entidades associativas pagavam contribuições sindicais que eram calculadas em percentuais sobre os valores das obras, o que chama atenção pois é algo incomum. Pagos esses percentuais, as entidades associativas firmavam contratos de assessoria com empresas de fachada que então faziam o escoamento através desse dinheiro com saques em espécie, em grandes valores”, esclareceu, acrescentando que a movimentação no exterior dessas quantias ocorria via doleiros. “Queremos saber a origem dos recursos que irrigavam esses pagamentos de contribuições associativas e a quem se destinavam esses valores”, observou.

Ilienara Cristina Karas destacou que “a lavagem de capitais não existe sem um dinheiro com origem ilícita”. De acordo ela, é “óbvio que se tratava de lavagem de dinheiro devido à forma como o dinheiro transitou no período comprovado e ao próprio valor envolvido. “Aos poucos estamos as fazendo ligações”, assegurou, citando que as empresas de fachada apresentam estruturas diminutas, com poucos funcionários sem maiores qualificações e movimentações com muitos saques de valores em espécie.

A Justiça Federal autorizou o sequestro de bens e a quebra de sigilo das empresas investigadas. A PF esperava encontrar pelo menos R$ 2 milhões nas contas, mas o valor ficou aquém das expectativas do órgão. De acordo com a investigação, há indícios de que os investigados tenham remetido dinheiro para contas no Panamá e na Suíça.

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