Facção que movimentou R$ 14 milhões é alvo do Denarc em Porto Alegre

Facção que movimentou R$ 14 milhões é alvo do Denarc em Porto Alegre

Bando teria ligação com facção do Rio de Janeiro

Marcel Horowitz

Grupo criminoso que movimentou R$ 14 milhões é alvo de operação em Porto Alegre

publicidade

Integrantes da alta cúpula de uma organização criminosa foram alvo do Departamento de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil, nesta quarta-feira, em Porto Alegre. Conforme a instituição, eles movimentaram R$ 14 milhões oriundos do tráfico de drogas em menos de um ano. O esquema seria comandado pela esposa de um dos líderes da facção. Foram presas 13 pessoas e apreendidas drogas, uma espingarda calibre .12 e uma pistola calibre nove milímetros, de uso restrito.

A chamada Operação Senhores do Crime contou com 190 policiais civis, que cumpriram 25 mandados de busca e 13 ordens de prisão preventiva, além do sequestro de cinco imóveis, no montante de R$ 1,5 milhões, e do bloqueio de 42 contas bancárias. As diligências ocorreram em Porto Alegre, Santa Maria, Viamão, Gravataí e na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), onde dois detentos são apontados como lideranças da facção.

A ofensiva foi fruto de 11 meses de investigação da Delegacia de Repressão a Lavagem de Dinheiro do Denarc. No curso das apurações, foram implementados 126 afastamentos de sigilo bancários, financeiros e fiscais, somados a quebras telemáticas.

O bando investigado se autodenomina ‘Família do Sul’. A quadrilha é fruto da aliança entre traficantes das zonas Norte e Sul da Capital, mas também tem laços com grupos na região Metropolitana e no Rio de Janeiro.

De acordo com o delegado Adriano Nonnenmacher, a lavagem de dinheiro ocorria através de contas de passagem. Em outras palavras, a facção depositava valores do tráfico em contas bancárias de laranjas, responsáveis por ocultar a renda ilícita.

“Os lucros da organização criminosa eram fracionados e, depois, pulverizados nas contas de terceiros. Eles também ocultavam dinheiro através do aluguel de veículos. A intenção era utilizar o sistema financeiro para dissimulações, a fim de burlar a fiscalização dos órgãos de controle”, disse Nonnenmacher, que coordenou a operação.

O delegado adicionou que um dos imóveis sequestrados fica no bairro Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Isso porque a investigação também revelou laços da facção gaúcha com o grupo carioca Comando Vermelho. O elo foi comprovado após a interceptação de mensagens em que um traficante afirmava ter “fechado com o CV”, quando cumpria pena no sistema penitenciário federal.

O diretor-geral do Denarc, delegado Carlos Wendt, destacou que a ofensiva prendeu líderes, gerentes e laranjas do crime organizado.

“Atingimos o alto escalão da organização criminosa. Na zona Sul, por exemplo, foi desarticulada toda a cúpula da facção. Prendemos os responsáveis por vários crimes no estado e comprovamos que eles são vinculados a uma outra organização, de amplitude nacional”, enfatizou Carlos Wendt.

Esposa de detento é alvo

A principal investigada é uma mulher apelidada de ‘Madrinha’, que está presa preventivamente. Ela é esposa do traficante conhecido como ‘Nego André’ e seria a responsável por coordenar a lavagem de dinheiro. O companheiro dela cumpre pena na Pasc, onde teve outra ordem de prisão decretada hoje.

Na mesma unidade prisional, outro detento também foi alvo de mandado de prisão. Chamado de ‘Milico’ ou de ‘Marlon da V7’, ele é considerado um dos chefes da facção, ao lado de Nego André, na zona Sul de Porto Alegre.

Servidor da prefeitura de Alvorada

Um servidor público da prefeitura de Alvorada é suspeito de atuar como operador do esquema, recebendo valores da facção na conta bancária. A prisão dele ocorreu em um condomínio no bairro Morro Santana, na zona Norte de Porto Alegre. Ele já havia sido preso, em 2022, por tráfico de drogas.

Outros dois alvos foram capturados no interior de um imóvel na Vila Cruzeiro, na zona Sul da Capital. Um deles é apontado como responsável por recrutar laranjas para o esquema. O segundo, conhecido como ‘Nego Alex’, estava foragido e atuaria como assassino da facção.

“Os presos na zona Sul são lideranças do crime na Vila Cruzeiro. Um deles comandava a rede de operadores, recrutando pessoas que estivessem dispostas a ocultar a renda da facção. Ele era o segundo alvo mais procurado da ação. O outro é um fugitivo envolvido em diversas mortes”, afirmou o diretor de Investigações do Denarc, delegado Alencar Carraro.

Por fim, uma das mulheres investigadas é esposa do réu condenado a 33 anos de prisão, na última quinta-feira, pelo assassinato do policial militar Gustavo de Azevedo Barbosa Júnior, ocorrido em 2019. Ela foi convocada para prestar depoimento.

Veja Também


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895