False Care: Operação investiga suposta fraude em serviço de saúde no RS
Empresa falsificava orçamentos de concorrentes em ações judiciais de atendimento home care para vencer disputa. Valores aplicados pelo negócio já eram superfaturados

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Um esquema de supostas fraudes e superfaturamento na concessão de serviços de home care que tinha como alvo planos de saúde, incluindo o IPE Saúde, é alvo da Operação False Care, da Polícia Civil, deflagrada na manhã desta quinta-feira.
A empresa investigada, denominada Enf. Pro Serviços em Saúde, durante as disputas judiciais, fraudava os orçamentos apresentados pelas concorrentes – que sequer sabiam da competição – com valores muito acima do mercado. Apresentando, assim, sempre a melhor proposta – ainda que já superfaturada.
Duas enfermeiras, responsáveis pela empresa, foram presas nesta manhã por posse ilegal de arma de fogo de uso restrito e receptação. Elas portavam uma pistola 9 milimetros, que estava em situação de furto, e munições. Durante interrogatório, as investigadas ficaram em silêncio.
Até o momento, foram constatados dez casos de fraudes, em oito cidades gaúchas: Esteio, Canoas, Capão da Canoa, Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Porto Alegre, São Leopoldo e Viamão. A fase da operação, além da análise dos itens apreendidos – celulares pessoais e computadores da empresa – a polícia irá ouvir novas testemunhas e seguir investigando a existência de outros casos para além dos 10 já existentes, bem como a participação de outros agentes.
Entenda o esquema:
O home care é um atendimento médico a domicílio, realizado por uma equipe de saúde, como se fosse uma hospitalização em casa. Como o serviço não está incluso na maioria dos contratos dos planos de saúde, é comum a judicialização, uma vez que é obrigatória a concessão em casos de continuação de internação hospitalar ou prescrição médica. Meio por qual a empresa investigada aplicava o esquema.
As investigações começaram há oito meses, após denúncias de uma das empresas prejudicadas. No momento, a Polícia Civil ainda apura valores para dimensionar o tamanho do prejuízo. Por incluir ações fraudulentas incluindo o IPE Saúde, a CAGE (Contadoria e Auditoria-Geral do Estado) também foi acionada.
Mas as provas colhidas evidenciam que a Enf. Pro teve um aumento exponencial de receita, adquirindo bens de luxo em um curto espaço de tempo cujo os valores correspondem cerca de 10 vezes o capital social do negócio.
Serviços de home care giram em torno de R$ 300 para uma diária de enfermagem até R$ 1.400 em procedimentos mais complexos, como um pacote de hemodiálise. Segundo o delegado Max Otto Ritter, a empresa aplicava valores expressivamente mais altos nos serviços fornecidos na comparação com aqueles fornecidos pelo mercado, com diferenças que vão de 50% a 300%.
Agora, a polícia também apura como a empresa investigada chegava aos clientes que necessitavam dos serviços. Em relatos sobre o serviço que era prestado pela investigada, foram constatadas negligências com pacientes, desde a utilização de materiais de baixa qualidade até despreparo de profissionais, resultando em rompimentos de contrato.
Em nota, a Enf.Pro Soluções em Saúde afirmou que “continua prestando atendimento aos pacientes normalmente enquanto esclarece os fatos investigados”.
A Operação
Nesta manhã, a 1ª Delegacia de Combate à Corrupção (1ª Decor), sob comando do delegado Max Otto Ritter, cumpre dois mandados prisões preventivas, quatro mandados de busca e apreensão em residências e sedes da empresa investigada e três apreensões de bens e móveis de luxo, possivelmente adquiridos com dinheiro resultante do proveito dos crimes.
Leia a nota do IPE Saúde sobre a operação
O IPE Saúde acompanha com atenção o andamento da Operação False Care, deflagrada hoje pela Polícia Civil, que tem por objetivo a desarticulação de um esquema de fraude em processos judiciais em prejuízo ao IPE Saúde e a outros planos de saúde.
O Instituto destaca que não é alvo da investigação. Nos serviços de Home Care, o IPE Saúde é demandado judicialmente, restando apenas cumprir as decisões e custear os tratamentos, não tendo ingerência nas definições das empresas prestadoras do serviço.
O IPE Saúde está à disposição das autoridades competentes para colaborar com quaisquer informações que ajudem a coibir práticas irregulares que prejudicam a aplicação eficiente dos recursos públicos e o atendimento aos segurados.