Polícia

Jovens de Vacaria dizem como salvaram colegas de ônibus que pegou fogo em Porto Alegre: "se desesperar seria pior"

Túlio Gonçalves e Ariel Carvalho, de 17 e 18 anos, combateram fogo após acidente

Ônibus atinge carros e pega fogo no Centro Histórico de Porto Alegre
Ônibus atinge carros e pega fogo no Centro Histórico de Porto Alegre Foto : Pedro Piegas

Dois jovens de Vacaria atuaram na ocorrência envolvendo um ônibus que pegou fogo no Centro Histórico de Porto Alegre, nessa sexta-feira. Eles eram parte da excursão de 57 estudantes e dois professores do Instituto Estadual de Educação Irmão Getúlio (IEIG) que estava no coletivo. Uma docente também demonstrou bravura no episódio.

Entre os alunos que faziam o passeio, quatro tinham feito o curso de bombeiro mirim. Um destes, Túlio Gonçalves, de 17 anos, utilizou a experiência que adquiriu ao longo do projeto e manteve-se calmo. Também agiu para tranquilizar os outros passageiros.

"Mantive a calma, era o que dava para fazer. Se desesperar seria pior. Tentei organizar as pessoas e evitar que se atropelassem. Estavam todos muito nervosos e se empurrando”, disse o adolescente.

Ao sair do ônibus, buscou ferramentas de combate ao fogo na região. “Minha prioridade era buscar um extintor de incêndio, que acabei conseguindo por meio de uma moradora”, pontuou Túlio Gonçalves.

Túlio arremessou o item para outro aluno, Ariel Carvalho, de 18 anos, que estava na capota de um automóvel e enfrentou as chamas. Em Vacaria, ele tem inscrição de bombeiro temporário. Além disso, sonha em seguir carreira militar.

"Naquele momento, não sei o que senti. Foi um sentimento de nervosismo e, ao mesmo tempo, mantive a calma. Eu sabia o que deveríamos fazer. Alguns colegas conseguiram sair sozinhos do ônibus, mas outros a gente puxou para fora. Meu maior receio era de uma explosão, pois havia combustível espalhado no solo. No final, a sensação de ver que todos estavam bem foi algo incrível”, declarou o futuro bombeiro.

Ariel destacou ainda que, enquanto ele tentava apagar as chamas, a professora Elisabete Kern da Silva fez questão de permanecer dentro do ônibus e buscar por estudantes que pudessem ter ficado nos escombros. “A ação da professora foi heroica. Ela arriscou a própria vida por seus alunos", enfatizou o rapaz.

Colisão seguida de incêndio

A ocorrência foi registrada por volta das 16h. Segundo a instituição de ensino de Vacaria, os alunos, todos entre 16 e 18 anos, estavam na Capital para realizar uma visitação pedagógica, com passagens no Museu da PUC e no Palácio Piratini.

Ao sair desse último local, o ônibus da turma teria batido em fios de alta tensão. Foi então que, conforme a Brigada Militar, o motorista desembarcou para averiguar o que tinha ocorrido e o veículo desceu a rua Espírito Santo.

"O condutor afirma ter acionado o freio. Ele disse que parou e desceu para verificar a situação, momento em que o ônibus começou a descer a rua por conta própria com as pessoas dentro”, pontuou o comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Hermes Völker.

Ainda segundo o oficial, não houve feridos com gravidade, somente alguns casos envolvendo inalação de fumaça. O ônibus atingiu nove carros e uma motocicleta, antes de tombar em um prédio e parar no entorno das ruas Demétrio Ribeiro e a Fernando Machado.

Projeto Bombeiro Mirim

O 5° Batalhão de Bombeiro Militar, com sede em Caxias do Sul, tem 11 pelotões. As unidades estão nas regiões dos Campos de Cima da Serra, Serra Gaúcha, Vale dos Vinhedos e Hortênsias. Ao todo, 70 municípios são atendidos.

Todos esses pelotões têm o Projeto Bombeiro Mirim em atividade, com mais de 300 crianças, entre 10 a 12 anos, em formação.

“Estes jovens, egressos do Projeto do Bombeiro Mirim no município de Vacaria, utilizaram seus conhecimentos, aprendizados e experiências obtidos durante o curso de Bombeiro Mirim e evitaram uma tragédia que jamais seria esquecida”, divulgou o Pelotão de Vacaria, por meio de nota.

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