Justiça arquiva inquérito da morte de policial civil em Pareci Novo

Justiça arquiva inquérito da morte de policial civil em Pareci Novo

Leandro de Oliveira Lopes, de 30 anos, morreu durante operação

Correio do Povo

Sepultamento ocorreu no cemitério municipal de Guaíba

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A Juíza de Direito Priscila Gomes Palmeiro, da 1ª Vara Criminal de Montenegro, atendeu a pedido do Ministério Público e determinou o arquivamento parcial dos inquéritos que apuram a responsabilidade pela morte do policial civil Leandro de Oliveira Lopes, 30 anos, ocorrida na manhã de 2 maio do ano passado no interior de uma propriedade na ERS 124, na localidade de Matiel, no município de Pareci Novo. A magistrada disse que todos os indícios são de que o tiro fatal partiu de um dos agentes envolvidos em uma operação de captura de um foragido envolvido com o narcotráfico. O criminoso e um cúmplice, que após confronto conseguiram fugir por um matagal, seriam presos semanas depois e foram indiciados. "Pelos relatos presentes nos autos, os réus estavam munidos de armas curtas, atiraram de uma região mais elevada do terreno e estavam de frente para os policiais", descreveu, observando que a bala que matou o policial civil penetrou pelas costas e de baixo para cima. Dois dias depois do fato, a Polícia Civil já não descartava a hipótese de "fogo amigo". A vítima trabalhava no Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa de Canoas. 

Com base nesse cenário e em reproduções simuladas, a magistrada concluiu que a fatalidade decorreu "única e exclusivamente" da ação policial, que "inaugurou nova cadeia causal, desbordando do desdobramento natural dos disparos supostamente efetuado pelos réus". Segundo os autos, oito agentes portavam fuzil calibre 5.56 no momento da ação e com esse armamento efetuaram 85 disparos. Quanto à possível responsabilização de algum agente participante da operação, a magistrada a afastou hipótese dizendo que a autoria do disparo de fuzil não foi identificada. "A prova pericial restou inconclusiva diante das intensas deformações acidentais sofridas pelo projétil questionado, impossibilitando a identificação da arma", avaliou. A Juíza de Direito Priscila Gomes Palmeiro destacou ainda que a reprodução dos fatos não conseguiu distinguir nem o local exato e nem o momento em que a bala que atingiu Leandro de Oliveira Lopes foi disparada. 

Pela falta de autoria do tiro, o Ministério Público pediu o arquivamento do inquérito contra os agentes pela morte do colega e argumentou que o grupo agiu em legítima defesa de terceiro. A juíza, porém, não o acatou. Ela entendeu que o argumento não se legitima tanto por "não se saber em favor de quem o pedido é dirigido, seja por não estarem presentes os requisitos para o reconhecimento da excludente de ilicitude". Em relação aos dois criminosos presos, a Juíza de Direito Priscila Gomes Palmeiro recebeu a denúncia na qual a dupla é acusada por tentativa de homicídio qualificado em 24 vezes, posse irregular de arma de fogo e munição, posse de drogas para consumo próprio e roubo.


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