Justiça mantém prisão de mulher suspeita de liderar facção que movimentou R$ 9 milhões

Justiça mantém prisão de mulher suspeita de liderar facção que movimentou R$ 9 milhões

Esposa de Nego Jackson repassava ordens e comandava transferências de imóveis

Correio do Povo

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O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul manteve, na semana passada, a prisão preventiva de duas mulheres ligadas a organizações criminosas do Estado. Uma delas é a companheira do traficante Jackson Peixoto Rodrigues, conhecido como Nego Jackson. Ela é acusada de liderar uma das principais facções do Estado após a prisão do marido.

Com a decisão da desembargadora Rosaura Marques Borba, da Segunda Câmara Criminal, a mulher, de 31 anos, deve permanecer em regime fechado. Ela está presa desde novembro do ano passado, na Penitenciaria Estadual Feminina de Guaíba.

Rosaura reforçou a prisão por entender que a mulher repassava as ordens do companheiro, detido no Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia, para o restante da quadrilha. A investigação da Polícia Civil apontou ainda que ela tratava pessoalmente da compra e transferência de imóveis e veículos, além de coordenar reformas para valorizar casas e apartamentos. Os bens eram transferidos para o nome de outra pessoa usada como “laranja”.

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A organização criminosa chefiada por Nego Jackson, suspeito de ter cometido 20 homicídios, foi alvo da Operação Quebra-Cabeça, da Polícia Civil, deflagrada no dia 16 de novembro de 2017. A operação cumpriu 11 mandados de prisão e cerca de 30 mandados de busca e apreensão, resultando no sequestro de 32 imóveis, 31 veículos e bloqueio de contas bancárias, num total superior a R$ 9 milhões em patrimônio.

“Era ela quem intermediava as ordens dele, repassando-as aos integrantes operacionais da organização. Ela é parte da engrenagem do crime e precisa estar presa, assim como ele. Por isso, essa decisão do Tribunal de Justiça é tão importante”, ressalta o promotor Marcelo Tubino, que atua em primeiro grau, no projeto-piloto da Promotoria Especializada no Combate aos Crimes de Lavagem de Dinheiro e Organização Criminosa.

Quadrilha de roubo de veículos

Já a segunda mulher, de 24 anos, que deve permanecer presa preventivamente, tem ligação com quadrilha especializada em roubo de veículos. O grupo teve participação direta ou indireta no roubo de aproximadamente 1,5 mil veículos em Porto Alegre e Região Metropolitana, movimento financeiramente aproximadamente R$ 6 milhões entre 2015 e 2017. O valor é referente a pagamentos para execução dos roubos, confecção dos documentos de rodagem e propriedade, adulterações das numerações dos veículos (clonagem) e posterior venda para criminosos de diversas cidades do Estado e do País.

A organização criminosa foi alvo de investigação da Polícia Civil, o que resultou na Operação “Macchina Nostra”, já executada em três fases, com atuação conjunta entre com o MP. A desembargadora Fabiane Breton, da oitava câmara, acolheu parecer do MP, que entende que mulher exercia papel fundamental na organização criminosa, participando ativamente na localização de veículos idênticos aos roubados a fim de se copiarem os dados identificadores para a clonagem dos mesmos, devendo, portanto, permanecer presa.

O procurador de Justiça criminal Gilberto Thums explica que havia no passado a percepção de que as mulheres tinham funções menores no mundo do crime, mas, agora, nestas organizações criminosas, percebe-se que não, que elas também são “cabeças”, que tem tanta responsabilidade quanto os homens e que elas representam risco estando soltas. “O Tribunal de Justiça está compreendendo, cada vez mais, as novas formas de criminalidade e a necessidade da repressão. A manutenção das prisões nestes casos, por se tratar de organização criminosa, é a maneira de evitar a continuidade dos crimes”, conclui Thums.

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