Líder de quadrilha do tráfico de drogas é preso em operação

Líder de quadrilha do tráfico de drogas é preso em operação

Homem foi localizado no sótão da própria casa, no bairro Santana, em Porto Alegre

Franceli Stefani

Líder de quadrilha de tráfico de drogas foi preso durante operação

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Desencadeada pela Polícia Civil, na manhã desta terça-feira, a Operação Fechamento prendeu um advogado, gerentes e contadores do tráfico ligados a dois líderes de uma facção criminosa, que tem como base a zona Leste de Porto Alegre. Entre os nove capturados está um dos principais líderes da organização criminosa. Beneficiado com a progressão de regime e há oito dias usando tornozeleira eletrônica, o criminoso foi preso escondido em um sótão em uma casa do bairro Santana, em Porto Alegre.

A ação, coordenada pelo titular da Delegacia de Capturas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado Arthur Raldi, é decorrente de uma investigação focada na liderança de uma das principais organizações criminosas em atuação no Rio Grande do Sul. Ao todo foram cumpridos 13 mandados de prisões preventivas e 12 de busca e apreensão.

Conforme ele, o traficante, líder da facção, foi o último a ser encontrado, depois de três horas do início das buscas. Ele estava escondido em um compartimento secreto no sótão da casa. “Nós ingressamos na residência e havia alguns jovens lá, que alegavam que não o conheciam, porém a Susepe havia nos passado que o sistema de monitoramento apontava que até 6h30min ele estava na residência, horário que ele rompeu o equipamento”, detalha.

Raldi acrescenta que às 6h10min a equipe já estava no endereço e não havia como ele ter fugido. “Revistamos diversas casas e apartamentos em um raio de 500 metros e não achamos rastro, o que nos chamou atenção, momento que resolvemos voltar. Achamos um fundo falso, que dava para um porão, mas ele não estava.” Quando a equipe estava quase desistindo, em um dos celulares apreendidos, os policiais encontraram uma foto na capa de uma das meninas, com o procurado. “Imediatamente ela começou a chorar e chamou o advogado. Foi mais um combustível que mandava continuarmos ali.” Foi quando os agentes encontraram um alçapão que dava para o sótão, protegido com uma chapa de aço. Depois de cerca de 40 minutos de trabalho, os policiais conseguiram romper e localizar o líder escondido. “Ele informou que estava com arma de fogo, mas que teria dispensado. Foram feitas buscas, mas não encontramos. Ele, assim como os demais presos foram conduzidos para o Deic para as formalidades legais.”

Queimado já havia sido preso pelo departamento em Caiobá, no Paraná, no fim de 2017. Foragido desde março de 2016, contra ele havia dois mandados de prisão. Um deles, uma preventiva e outra de prisão, decorrente de uma sentença penal condenatória de 33 anos e três meses de reclusão. Com histórico de fuga e crimes violentos, os antecedentes criminais reforçam a preocupação da Polícia Civil. Ele conta com crimes como homicídio, roubo a estabelecimento bancário, roubo, clonagem de veículos e tráfico de drogas. “Mesmo nessas condições ele foi beneficiado pela progressão e inclusão no sistema de monitoramento eletrônico por tornozeleira, no dia 5 de fevereiro de 2019, o que gerou alerta para todos os órgãos sobre possível fuga e atos que poderia cometer”, detalhou. De acordo com ele, a investigação que estava em curso foi acelerada para evitar que o criminoso pudesse romper a tornozeleira e fugir.

Mandado cumprido em presídio federal e advogado capturado

Outro mandado foi cumprido em um presídio federal, na cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, local em que está outro criminoso, que já foi considerado o mais procurado do Estado e, inclusive, figurou na lista da Interpol, Luis Fernando da Silva Soares Júnior, o Júnior Perneta. Ele foi capturado em 2018 no Paraguai. “As investigações seguiram até que fosse possível identificar os principais membros deste ‘braço’ da quadrilha. Cumprimos 13 mandados de prisões preventivas e 12 de busca e apreensão nas cidades de Porto Alegre, Alvorada e Gravataí”, destaca o delegado.

Dois dos nove presos são familiares do líder criminoso. Um é filho e outro é sobrinho. “Todos com envolvimento no tráfico de drogas. O advogado preso, com acompanhamento da OAB gaúcha, trabalhava para a facção. Ele guardava armas e drogas para os integrantes do grupo”, frisa Raldi. Os nomes e a função de cada um dentro da organização não foram detalhados pela Polícia Civil.

Operação Fechamento

O titular da Delegacia de Capturas explica que o nome dado a operação é porque, de fato, ocorre o fechamento das investigações que iniciaram em 2017 e que visava a localização e prisão desses dois alvos que eram líderes da organização criminosa. “Fomos ao Paraguai, quando não encontramos o Perneta, também chamado de Museo, mas conseguimos encontrar detalhes que repassamos para a polícia de lá, que efetivou a captura e, em Matinhos, no Paraná, conseguimos prender o Queimado, que se escondia na Argentina, mas tinha comprado um apartamento na cidade paranaense”, destaca.

Raldi destaca que seu setor não investiga o tráfico de drogas, mas as principais lideranças que utilizam o dinheiro ilícito para se manter. “Mesmo atrás das grades, eles recebiam auxílio da facção, como todo o apoio logístico e financeiro por parte daqueles que eram considerados seus braços direitos.” O delegado Marcus Vinícius Viafore, que tem respondido pelo Deic, enaltece o trabalho feito pelos policiais. “A operação Fechamento atinge em atinge em cheio os alvos de grande importância para o grupo criminoso, que tem sede na zonal Leste de Porto Alegre. Essa ação demonstra que não é número de prisões que deve ser enaltecido, mas a qualidade delas.”

Para a chefe de polícia, delegada Nadine Anflor, a ofensiva reitera o modo de trabalho da nova gestão da Polícia Civil, que tem colocado como meta a prisão dos principais líderes de facções com atuação no Estado. “Foi um sucesso.


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