Lewandowski contraria Lula e diz não poder afirmar que houve conivência na fuga de Mossoró
Ministro da Justiça viajou para acompanhar apurações do caso e buscas aos foragidos
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O ministro da Justiça e Segurança Púbica, Ricardo Lewandowski, viajou para Mossoró neste domingo, para acompanhar as investigações e as buscas pelos dois detentos que escaparam da penitenciária de segurança máxima, que fica na cidade. Em entrevista coletiva, ele afirmou que não é possível afirmar ainda se houve participação de agentes penitenciários na fuga, contrariando uma fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que sugeriu tal hipótese.
“Enquanto as investigações não terminarem, seja no âmbito administrativo como policial, não podemos afirmar que houve conivência. Mas todas as hipóteses estão sendo investigadas”, disse o ministro. Mais cedo, em visita a Etiópia, Lula comentou sobre o caso e sugeriu a possibilidade de os detentos terem tido ajuda para escapar do presídio. “Estamos à procura dos presos, esperamos encontrá-los, e, obviamente, queremos saber como é que esses cidadãos cavaram um buraco e ninguém viu. Só faltaram contratar uma escavadeira. Eu não quero acusar, mas, teoricamente, parece que teve conivência com alguém do sistema lá dentro”, disse o presidente.
É a primeira vez na história do País que criminosos conseguem escapar de um presidio federal de segurança máxima. Esse tipo de prisão existe desde 2006, e há cinco ao todo espalhadas pelo Brasil, contado com a de Mossoró.
Lewandowski afirmou que não há prazo para o fim das buscas pelos dois detentos, e que os inquéritos, administrativo e policial, que investigam a possível conivência de agentes, possuem um prazo de 30 dias para a conclusão, mas com a possibilidade de serem prorrogados por mais um período. “Enquanto estamos apurando, as correções estão sendo feitas. As possíveis falhas já estão corrigidas, de maneira que o presídio de Mossoró voltou a ser absolutamente seguro e apto a custodiar os detentos que lá se encontram”, disse o ministro.
Os dois fugitivos são identificados como Deibson Cabral Nascimento e Rogerio da Silva Mendonça. Ambos possuem ligação com a facção criminosa Comando Vermelho (CV), de acordo com informações preliminares. O grupo domina as operações criminosas no Acre, onde a dupla estava presa até setembro do ano passado.
Na última sexta, a dupla chegou a invadir uma casa e fazer uma família de refém por algumas horas. Sem o uso da violência, os criminosos roubaram celulares, comidas e saíram da residência, que fica a uma distância de 3 quilômetros da penitenciária.
De acordo com o ministro, a área onde os detentos se encontram é “rural e extensa” e apresenta obstáculos que dificultam a captura, como grutas e estradas vicinais, e até a ocorrência de uma chuva teria atrapalhados os trabalhos de captura previsto para este domingo. O ministro também comentou sobre falhas estruturais. “Essas falhas estruturais, que são antigas porque os presídios foram construídas de 2006 em diante, podem existir em alguns lugares. Aqui foram corrigidas imediatamente. Estamos avaliando se essas falhas se repetem em outros presídios”, afirmou o chefe da pasta.
Na sequencia, André Garcia, secretário de políticas penais, afirmou que “não há fragilidade. Foi um caso pontual que não vai se repetir”.
Os dois detentos conseguiram escapar da prisão federal entre a noite de terça-feira e a madrugada de quarta. Na quinta, Lewandowski, explicou que Mendonça e Deibson escaparam da cadeia após escalarem uma luminária, chegarem ao teto e acessarem o setor onde é feita a manutenção do presídio.
Deste local, ele teriam pegado ferramentas que estavam sendo utilizadas em uma obra na prisão. Como o local reformado estava protegido apenas por um tapume de metal, os criminosos encontraram uma brecha, saíram e cortaram o alambrado com um alicate recolhido na obra.