Ministério Público de Santa Catarina denuncia integrantes de célula neonazista

Ministério Público de Santa Catarina denuncia integrantes de célula neonazista

Grupo havia sido preso durante operação de tráfico de drogas da Polícia Civil em São Miguel do Oeste

Correio do Povo

Houve a apreensão de material na ação policial ocorrida em outubro deste ano

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O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) denunciou seis integrantes de uma célula neonazista e converteu em preventiva as prisões por suspeitas de práticas nazistas e crimes de racismo e disseminação do ódio com uso de armas de fogo. O grupo foi descoberto em decorrência de uma operação de tráfico de drogas realizada em outubro deste ano em São Miguel do Oeste.

A denúncia da 40ª Promotoria de Justiça da Capital foi aceita pela Justiça e agora os acusados são réus em ação penal pública. Eles agiam em São Miguel do Oeste, Joinville, Florianópolis e São José.

"Para garantir a ordem pública pedimos a conversão das prisões em preventivas", explicou o Promotor de Justiça Rodrigo Millen Carlin. Segundo ele, os suspeitos são réus por supostamente cometerem crimes de praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

A Polícia Civil chegou até a célula neonazista depois de prender um dos réus em flagrante por tráfico de drogas em São Miguel do Oeste. Houve a apreensão de objetos que levaram à identificação da célula nazista em atividade.

O grupo chegou a se encontrar em um sítio no município de Biguaçu. No local realizaram uma série de discursos de ódio contra judeus, pronunciamentos em língua alemã e idolatrando Adolf Hitler, utilizando a bandeira com emblema da cruz suástica, cercados de misticismo nazista e realizações de rituais e até treinamentos paramilitares com porte ilegal de armas. Tudo foi registrado em fotos, vídeos e conversas em aplicativos de mensagens.

Segundo a denúncia do MPSC, "os vídeos e imagens reunidos mostram que todos os envolvidos estavam neste sítio prestando apoio àquelas condutas, estando vinculados subjetivamente na prática da discriminação, desrespeito e preconceito à religião judaica". Durante as investigações foi possível comprovar ainda, que este encontro foi marcado e divulgado na internet com a intenção de divulgação ao nazismo. Na casa de um dos acusados foram encontrados grande quantidade de material de cunho racista e nazista e ainda uma série de conteúdos de pornografia envolvendo crianças e adolescentes.

Com o grupo foram apreendidos telefones celulares, notebooks, facas, roupas com símbolos nazistas, apostilas e livros sobre o tema, munições, armas de fogo e diversos materiais de ideologia nazista, além de capacetes modelo da Segunda Guerra Mundial.

De acordo com o Promotor de Justiça Rodrigo Millen Carlina, "além de fotografias e vídeos do grupo cometendo atos de discriminação da religião judaica e contínua idolatria ao nazismo, veiculavam, ostentavam e difundiam símbolo que utilizava a cruz suástica para fins de divulgação do nazismo”. De acordo com ele, os suspeitos “estavam também associados, de forma estável e permanente, para o fim específico de cometer crimes, sendo que a associação era armada".

Os seis réus estão presos preventivamente desde o dia 20 de outubro deste ano. A 40ª Promotoria de Justiça da Comarca da Capital tem a atribuição de atuar nos casos de crimes de ódio e racismo em todo o território catarinense.

Esta foi a segunda denúncia protocolada pelo MPSC em menos de uma semana, sendo que a primeira recaiu sobre uma possível célula neonazista em São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis. Entre os oito suspeitos detidos na ocasião estavam quatro gaúchos. Eles fariam uma reunião anual dos três estados da região Sul em novembro passado em um sítio, sendo surpreendidos pelos policiais civis.


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