Moradores de condomínio em Canoas alegam ter sofrido abuso policial; BM diz que foi recebida com agressões

Moradores de condomínio em Canoas alegam ter sofrido abuso policial; BM diz que foi recebida com agressões

Comando de Policiamento Metropolitano vai apurar excessos, mas informa que efetivo foi alvo de pedradas e tiros no residencial conhecido como Carandiru

Correio do Povo

Confronto durante a madrugada entre moradores de condomínio "Mathias" e Brigada Militar em Canoas resulta em carros incendiados

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Moradores de um condomínio no bairro Mathias Velho, em Canoas, alegam que houve excesso de força policial na ação que resultou em duas prisões na madrugada desta sexta-feira. A Brigada Militar diz que vai apurar os relatos, mas adiciona que o efetivo foi recebido a pedradas, rojões e até disparos de arma de fogo quando tentava prender um suspeito que fugiu para o interior do local. A tensão também gerou a queima de pelo menos oito carros, sendo quatro no município e os outros em Nova Santa Rita.

Conhecido como Carandiru, o residencial fica na rua Campinas. Ali, de acordo com a BM, um grupo criminoso opera pontos de tráfico.

De acordo com uma moradora de 50 anos, os distúrbios teriam começado quando o portão de entrada do condomínio enguiçou com um carro em frente ao local, enquanto policiais tentavam fazer uma abordagem. A versão dela é que os PMs encararam o ocorrido como uma afronta e partiram para cima de moradores. Ela diz que mulheres foram agredidas, crianças foram revistadas e um homem foi baleado.

“O portão abriu só até a metade e um carro ficou parado ali. Os policiais acharam que isso era um impedimento a eles e deram uma “tunda” no motorista. Eles também agrediram mulheres. Até crianças foram emparedadas. Além disso, o rapaz que faz serviços de limpeza tomou um tiro”, disse a mulher.

A moradora não nega que houve resistência aos PMs no local. Ela afirma, entretanto, que os vizinhos agiram em autodefesa.

"Os PMs começaram as agressões. Os moradores revidaram, o que está correto. Há crianças pequenas aqui, precisamos defender nossas famílias. Eles querem ser respeitados, mas não tem respeito por ninguém”, justificou.

Ela adiciona que o condomínio ficou sem luz das 22h às 6h, e que os PMs supostamente dificultam a entrada de remédio e comida no condomínio. “Sou diabética. Também há crianças aqui que precisam de aparelhos para respirar.”

O coronel Márcio de Azevedo Gonçalves, do Comando de Policiamento Metropolitano, nega que a BM tenha acessado o condomínio. Ele garante que vai apurar os relatos de possíveis excessos, mas adiciona que o efetivo foi recebido a agressões.

“Tivemos ações legítimas, respaldada por agressões de alguns moradores, não todos. A maioria dos residentes do condomínio é formada por pessoas de bem. Ocorre que, infelizmente, há integrantes de organização criminosa que se valem daquele espaço para se esconder, além de praticar tráfico e homicídios na Região Metropolitana. A partir das agressões que a BM teve, com base na pessoa que tentamos abordar, fomos progredindo no uso da força. Em dado momento, as agressões foram tão fortes que precisamos utilizar a nossa Força Tática, com técnicas de operações de choque", afirmou o coronel.

Ainda de acordo com o oficial, um dos presos estava na guarita do condomínio e jogou fogos de artifício contra os policiais. O outro preso é o homem baleado, que teria feito um disparo contra os PMs. O coronel adiciona que, nesta manhã, um foragido por assalto em São Paulo também foi detido no local.

"Um homem foi atingido nas nádegas, mas não sabemos se foi por conta do confronto com policiais ou pelos traficantes do local. Para se ter uma ideia, um escudo da BM ficou com marca de tiro. Em outras palavras, um policial estaria morto se não usasse o dispositivo. Vamos manter a presença policial ali até a situação ficar mais calma. Eles tentaram incendiar carros e causar desordem, mas não conseguiram. Continuaremos com os índices extraordinários que temos alcançado em Canoas e Nova Santa Rita”, enfatizou o coronel Márcio de Azevedo Gonçalves.


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