MP denuncia seis policiais militares por morte do lutador Mauro Chaulet em Porto Alegre

MP denuncia seis policiais militares por morte do lutador Mauro Chaulet em Porto Alegre

Atleta foi baleado e morto quando saia de casa noturna após desentendimento com soldados, em maio

Marcel Horowitz

Mauro Chaulet foi baleado nas costas quando saia de bar na zona Norte de Porto Alegre

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O Ministério Público do RS denunciou seis policiais militares pela morte do lutador de MMA Mauro Chaulet, de 34 anos, e pela tentativa de homicídio da companheira dele, Raquel de Maia Almeida. O casal foi alvejado dentro de um veículo, no dia 7 de maio, após um desentendimento no Auma Bar, no bairro Floresta, na zona Norte de Porto Alegre. A denúncia ainda não foi analisada pelo Tribunal de Justiça.

Conforme o MP, as vítimas estavam em uma festa quando teve início uma briga generalizada entre PMs à paisana e outros homens. Chaulet, que não conhecia os envolvidos, teria interferido na confusão e tentado desarmar um dos militares, ocasião em que houve um disparo acidental na virilha do proprietário da arma.

Ainda segundo a denúncia, as vítimas foram abordadas por outro policial e pelo segurança da casa noturna, e foram liberadas após entregarem a arma. Outros dois militares que chegaram ao estabelecimento, ao saberem que um colega havia sido baleado, passaram a atirar contra Mauro e Raquel, que iam embora em um Mercedes-Benz C 250.

“Em seus depoimentos, os policiais faltaram com a verdade acerca do ocorrido, alegando que somente atiraram contra a vítima após a mesma ter efetuado disparos contra eles, criando uma falsa narrativa de legítima defesa”, afirmou a promotora Lúcia Helena Callegari.

A denúncia também aponta que os policiais teriam feito o “enxerto” da arma na cena do crime, na tentativa de corroborar com o falso cenário de legítima defesa, contrariando as imagens das câmeras de segurança instaladas no local. Callegari sustenta que o delito foi praticado por motivo torpe, uma vez que o atleta foi morto por vingança, pelo fato de ter desarmado um policial militar.

“O crime foi cometido com emprego de meio que resultou em perigo comum, uma vez que os disparos foram efetuados em frente a um bar, após seu horário de fechamento, havendo grande movimento de pessoas saindo do local. Houve ainda o recurso que dificultou a defesa da vítima, que havia sido liberada para ir embora por outro policial, encontrando-se em seu veículo quando passou a ser alvo dos disparos. Ele foi atingido pelas costas, sendo surpreendido, o que dificultou a reação de defesa ou fuga”, destacou a promotora.

Mesmo atingido nas costas, Chaulet ainda conduziu o veículo até a rua Almirante Barroso, quando chocou-se contra um Fiat Palio. Ele morreu no local. O PM baleado na virilha e a companheira do atleta, atingida no abdômen e no braço, sobreviveram.

Em junho, um inquérito policial militar resultou no indiciamento de cinco soldados. Um deles foi indiciado por homicídio e outro, por tentativa de homicídio. Um terceiro, por prevaricação. O trio e mais um quarto soldado também respondem por fraude processual. Por fim, um quinto policial foi indiciado por falsidade ideológica. Outro inquérito, da Polícia Civil, indiciou dois deles por homicídio.


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