Número de ataques a banco com explosivos dobra no RS

Número de ataques a banco com explosivos dobra no RS

No primeiro semestre deste ano nove agências foram alvo de assaltantes, contra quatro em 2011

Paulo Roberto Tavares / Correio do Povo

Caixas do Santander foram explodidos em Livramento

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Os ataques a agências bancárias com explosivos no Rio Grande do Sul mais que duplicaram no comparativo do primeiro semestre de 2012 com o ano passado. Foram quatro em 2011 contra nove neste ano — somente em março foram seis. Os dados constam no relatório da Agência Central de Inteligência da Brigada Militar, ao qual o Correio do Povo teve acesso. De janeiro até o dia 12 de setembro, foram 16 ocorrências desse tipo em solo gaúcho. No comparativo com Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, o Estado representa 6,6% do total de ataques no mesmo período. Santa Catarina contabilizou 32 ataques, Paraná, 68; e Mato Grosso Sul, 27.

Em 2011, foram quatro ataques com explosivos a agências e postos bancários no Estado. SC sofreu cinco; PR, oito; e MS, um. O que fez o Estado ficar com 22% dos roubos em que foram usados explosivos do mesmo tipo dos que são empregados em pedreiras. O fato de a blindagem de caixas eletrônicos em algumas agências ser pequena, fez com que os assaltantes fizessem investidas contra essas agências. As instituições bancárias começaram então a trocar o nível de blindagem dos equipamentos. A graduação varia de meia a quatro polegadas.

Segundo especialistas consultados, com a blindagem em meia polegada, o criminoso coloca a banana de explosivo em um buraco e detona a carga. A parte traseira e superior do terminal cede e é retirada a caixa contendo as cédulas. Nos terminais com blindagem maior, a explosão não faz com que partes do equipamento abram, podendo até danificar o dinheiro e os componentes eletrônicos.

Em um dos últimos assaltos, no Rio Grande do Sul, alguns dos terminais bancários já estavam com a blindagem maior. Apesar da tentativa de explodir, os assaltantes não conseguiram o seu intento: atingir o local onde estava o dinheiro. Com esse panorama, o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Sérgio Roberto de Abreu, determinou que o Corpo de Bombeiros, nas cidades onde o risco de ataques é considerável, faça uma análise nas agências quanto à limitação da segurança.

À noite e durante a madrugada, são feitas patrulhas. “Além disso, o Comando Ambiental vistoria pedreiras, principalmente na Serra”, ressaltou Abreu. “Muitos dos explosivos usados são oriundos da região.” Além do policiamento ostensivo, de acordo com o comandante-geral, o setor de inteligência tem atuação tanto na análise do crime em si como nas pistas deixadas pelos assaltantes. A estratégia é montada com base nos levantamentos feitos in loco. “Ali se estabelece a rotina do grupo, o tipo de explosivo e sua procedência,” afirmou.

De 48 presos, 22 estão em liberdade

Dos 48 suspeitos de participarem de assaltos a bancos com explosivos que foram presos, 22 já estão em liberdade. Outros 22 continuam presos, um foi removido para outro estado e três foram mortos por cúmplices ou em confrontos com as autoridades. Do total, 26 são gaúchos, 16 são oriundos de Santa Catarina, dois do Paraná e São Paulo, um da Paraíba e outro da Bahia. Grande parte foi presa em flagrante. Outros foram detidos em ações de inteligência ou por meio de mandado judicial.

Os assaltos se concentraram em três regiões do Rio Grande do Sul: Centro-Sul, Serra e Litoral Norte. A partir dessa constatação, a Brigada Militar montou um esquema de segurança. Segundo o comandante-geral da BM, desde 14 de agosto são realizadas patrulhas nos locais e em um raio de 120 quilômetros no entorno das sedes das unidades da BM. “São realizadas barreiras e rondas, além de blitze”, contou Abreu.

A operação mobiliza o Batalhão de Operações Especiais (BOE) de Porto Alegre, responsável pela região Metropolitana e pela área próxima a Caxias do Sul, junto com os batalhões. Também foram acionados o BOE de Passo Fundo, o de Santa Maria, o Pelotão de Operações Especiais (POE) do Comando Rodoviário da BM, o 8º BPM, em Osório, entre outros.

As unidades são colocadas em pontos estratégicos. No caso do Comando Rodoviário, o patrulhamento é feito na Estrada do Mar e na Rota do Sol, que, segundo Abreu, podem servir como rota de fuga. A integração com criminosos de SC é uma certeza. Os ataques se concentram em agências situadas em cidades próximas à divisa ou que tenham rota de fuga para o estado vizinho.

O último ataque foi registrado em Santana do Livramento, onde dois caixas eletrônicos da agência do Santander foram arrombados na madrugada deste sábado. Os criminosos usaram maçaricos e farramentas para abrir os terminais. Os ladrões agiram em um dia em que os equipamentos estavam plenamente abastecidos, devido ao pagamento de servidores públicos municipais. Ainda não há suspeitos do crime.

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