Nove são presos após homem ser torturado e queimado vivo em Porto Alegre

Nove são presos após homem ser torturado e queimado vivo em Porto Alegre

Operação Matriarcado cumpriu mandados cumpriu 56 mandados na Capital

Correio do Povo

Chamas foram flagradas por câmeras de monitoramento

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A 1ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) esclareceu o caso do homem que foi torturado e queimado vivo até a morte pela própria facção criminosa a que pertencia no bairro Bom Jesus, em Porto Alegre. No domingo, a equipe do delegado Guilherme Gerhardt deflagrou a Operação Matriarcado na região. Nove participantes do crime foram presos e outros onze estão sendo procurados como foragidos. Todos atuaram no “tribunal do tráfico” que sentenciou à morte o indivíduo.

Cerca de 230 agentes cumpriram 35 mandados de busca e apreensão e outros 21 mandados de prisão preventiva. Na manhã desta segunda-feira, as conclusões do trabalho investigativo foram detalhadas à imprensa. Todos envolvidos vão responder por homicídio triplamente qualificado por meio cruel, recurso que impossibilitou defesa da vítima e motivo torpe, tortura, organização criminosa e corrupção de menores. “As penas somadas chegam até 60 anos de reclusão”, previu.

Crime em janeiro 

O crime ocorreu entre o final da tarde e início da noite de dia 13 de janeiro deste ano no bairro Bom Jesus, ficando registrado nas imagens de uma câmera de monitoramento nas proximidades do local da execução. Os integrantes da facção decidiram executar com crueldade a vítima que havia sido denunciada por um suposto estupro da própria filha adolescente. “Houve esse boato”, confirmou o delegado Guilherme Gerhardt. A mãe da adolescente de idade registrou inclusive uma ocorrência onde alega que os abusos ocorriam havia mais de dois anos. 

A acusação, porém, não foi confirmada até o momento nas investigações. Os agentes descobriram inclusive que a queixa policial foi efetuada depois da execução. Para o delegado, a principal suspeita é de que vítima foi torturada e queimada viva por alguma dívida dentro da facção. Os policiais civis apuraram que a execução cruel da vítima foi autorizada por um dos líderes da facção criminosa, vulgo Alemão Márcio, que encontra-se recolhido na Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso, desde a operação Pulso Firme em julho de 2017. A ordem foi transmitida então pela companheira do criminoso, conhecida como Madrinha, que o representaria no bairro Bom Jesus. Ela está entre os presos no domingo.

Vinte pessoas identificadas 

Pelas imagens registradas pela câmera de monitoramento, os policiais civis identificaram 20 participantes diretos na execução da vítima que foi rendida e levada até a beira de um matagal na rua José Albano Volkmer, no bairro Jardim do Salso, após ser julgada e sentenciada à morte. Agredida violentamente, a vítima foi queimada, mas sobreviveu mesmo assim e rastejou, já cega devido às chamas e espancamentos. Os matadores perceberam e retornaram para incendiá-la novamente, com uma fogueira dentro do mato cujas chamas foram alimentadas com pneus, madeira e restos de colchão, causando o óbito. Seguranças da facção permaneceram no entorno dando proteção aos cúmplices. “Foram 15 minutos de tortura por espancamento e fogo”, observou. “Com certeza, os autores do crime quiseram demonstrar o poder da facção e servir de exemplo”, acrescentou o delegado Guilherme Gerhardt. 


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