OAB cobra ações do governo federal em Roraima

OAB cobra ações do governo federal em Roraima

Brasileiros e venezuelanos enfrentam crise na fronteira entre os dois países

Correio do Povo

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O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, cobrou neste sábado ações do governo federal em relação à crise que envolve venezuelanos em Roraima. A cobrança foi feita por meio de nota nesta noite.

Claudio Lamachia afirmou que a situação na fronteira entre o Brasil e a Venezuela "expõe de forma clara o drama humanitário" dos venezuelanos. "Nesta semana estive em Boa Vista, capital de Roraima, onde pude presenciar as dificuldades enfrentadas tanto por imigrantes quanto pela população das cidades que hoje são a porta de entrada daqueles que buscam uma condição melhor para sobreviver", disse.

"Cabe ao governo federal uma atuação urgente antes que uma tragédia aconteça. Está claro que o problema vem se agravando pela inoperância das autoridades ao longo desse episódio. O que era uma questão humanitária agora tem forte conotação de segurança. Os Estados precisam se organizar para receber os venezuelanos e dar um exemplo ao mundo de democracia e solidariedade", cobrou.

Neste sábado, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann admitiu que a situação em Roraima "está tensa", mas garantiu que se mantém em controle. Mesmo assim, a Força Nacional deverá reforçar a segurança na região de Pacaraima, que fica na fronteira entre Brasil e Venezuela. A revolta no local começou por causa de assalto sofrido pelo comerciante Raimundo Nonato de Oliveira, de 55 anos, quando chegava em casa com um familiar, na noite de sexta-feira.

O assalto teria sido praticado por venezuelanos. O comerciante foi agredido, sofreu uma lesão na cabeça possivelmente causada por uma paulada e precisou ser removido para Boa Vista, por causa da gravidade do ferimento, onde está se recuperando. Revoltados com a possibilidade de o assalto ter sido praticado por venezuelanos, os moradores da cidade passaram a atacar um acampamento improvisado na cidade, queimando os pertences dos imigrantes, e expulsando os moradores do país vizinho.

Confira na íntegra a nota completa do presidente da OAB:

"O grave episódio de violência que testemunhamos neste sábado (18) na fronteira entre o Brasil e a Venezuela expõe de forma clara o drama humanitário que se abateu sobre nossos vizinhos. Nesta semana estive em Boa Vista, capital de Roraima, onde pude presenciar as dificuldades enfrentadas tanto por imigrantes quanto pela população das cidades que hoje são a porta de entrada daqueles que buscam uma condição melhor para sobreviver.

Tive a oportunidade de conversar sobre o assunto com a governadora Suely Campos e com a presidente do Tribunal de Justiça, Elaine Bianchi, e conhecer os aspectos que hoje tornam Roraima um estado em situação difícil, merecedora de uma atenção especial por parte do governo federal para encontrarmos alternativas e soluções.

É sabido que o Estado de Roraima não tem condições de abrigar a todos os imigrantes. Ao longo dos últimos três anos, recebeu mais de 50 mil imigrantes. Calcula-se que atualmente cerca de 800 imigrantes venezuelanos ingressem diariamente, causando uma sobrecarga aos hospitais, tornando ainda mais vulnerável todo o sistema de saúde, além de reflexos no número insuficiente de vagas em escolas e o aumento da criminalidade.

O momento é de atenção a todos, por isso é preciso que haja solidariedade federativa para preservar brasileiros e venezuelanos de um agravamento ainda maior do difícil quadro em que se encontram.

Cabe ao governo federal uma atuação urgente antes que uma tragédia aconteça. Está claro que o problema vem se agravando pela inoperância das autoridades ao longo desse episódio. O que era uma questão humanitária agora tem forte conotação de segurança. Os Estados precisam se organizar para receber os venezuelanos e dar um exemplo ao mundo de democracia e solidariedade."

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