Operação atinge o "coração financeiro" de lideranças da facção Os Mano

Operação atinge o "coração financeiro" de lideranças da facção Os Mano

Além dos quatro presos, foram recolhidos cerca de R$ 27 mil em dinheiro, uma moto BMW 800 GS e um Fiat Toro, além de documentos e celulares

Correio do Povo

Além das quatro prisões, foram apreendidos cerca de R$ 27 mil em dinheiro, uma moto BMW 800 GS e um Fiat Toro, além de documentos e celulares

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A Polícia Civil atingiu o “coração financeiro” da cúpula da facção Os Manos com o desencadeamento da operação Borgata. Duas lideranças que encontram-se recolhidas no sistema prisional foram os alvos da ação coordenada pela Delegacia de Repressão ao Crime de Lavagem de Dinheiro do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), sob comando do delegado Adriano Nonnenmacher.

Quase 160 agentes cumpriram 87 ordens judiciais, sendo 23 mandados de busca e apreensão, cinco mandados de prisão temporária, sequestro judicial de cinco imóveis de luxo avaliados em mais de R$ 5 milhões, bloqueio de sete contas bancárias e 47 quebras de sigilo bancário, fiscal e financeiro da organização criminosa, em São Leopoldo, Novo Hamburgo, Campo Bom e Porto Alegre. Houve o recolhimento de cerca de R$ 27 mil em dinheiro, uma moto BMW 800 GS e um Fiat Toro, além de documentos e celulares. Quatro prisões foram efetuadas.

As investigações duraram em torno de cinco meses. Os policiais civis descobriram uma rede de lavagem de dinheiro mantida pelos líderes da facção, Chapolin, de 36 anos, com 56 anos de condenações e recolhido na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, e Marizan, de 31 anos, com 70 anos de pena e recolhido na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas. Em outubro de 2017, a Polícia Civil de Santa Cruz do Sul apreendeu 15 fuzis e 21 pistolas, além de farta munição, avaliados em R$ 3 milhões, na casa de um universitário recrutado pela célula comandada por Chapolin.

Entre os quatro presos estão duas mulheres apontadas como braço-direito de ambos, sendo encarregadas inclusive do processo de aquisição de bens. “É facção a que mais coloca drogas no Rio Grande do Sul. A (investigação de) lavagem de dinheiro no primeiro escalão é um trabalho inédito e pioneiro da Polícia Civil. Ela é sediada no Vale do Rio dos Sinos e espraiou-se por todo o Estado, com tentáculos no Brasil e em outros países”, observou o delegado Adriano Nonnenmacher.

Ele acrescentou que a facção possui “ligação com uma grande organização criminosa nacional que comanda a rota de entorpecentes em toda a fronteira”. Toneladas de cocaína e crack, além de maconha, eram trazidas ao Estado, com armamento.

Uma das rotas internas é Vale do Rio dos Sinos-Vale do Paranhama e Região das Hortênsias, na Serra. “Estão devidamente comprovadas”, frisou. “Apenas uma célula regional da facção tinha um lucro de R$ 500 mil por semana”, revelou. Para a outra organização criminosa nacional, eram repassados entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões por mês pela cocaína.

Segundo o delegado Adriano Nonnenmacher, as duas lideranças através de “laranjas” - sejam familiares, cúmplices ou amigos sem antecedentes - ocultavam e dissimulavam os bens adquiridos com o dinheiro do narcotráfico. “Havia muita transação bancária também e criação de empresas de fachada”, lembrou.

De acordo com ele, o esquema era “muito complexo e difícil de ser investigado”. O titular da Delegacia de Repressão ao Crime de Lavagem de Dinheiro do Denarc resumiu o resultado da ação até o momento. “Foi um golpe duro, mas ainda é apenas um pequeno começo”, garantiu. “É um primeiro passo”, complementou.

Já o diretor do Denarc, delegado Vladimir Urach, enfatizou que a operação visou a lavagem do dinheiro da cúpula da organização criminosa. “É um marco no trabalho da Polícia Civil. A facção certamente é uma das mais organizadas do narcotráfico no Rio Grande do Sul”, destacou. “É importante apreender a droga que trazem, mas também combater o poderio econômico deles”, considerou.


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