Operação do MP em presídios do RS termina com a prisão de 13 pessoas

Operação do MP em presídios do RS termina com a prisão de 13 pessoas

Presos devem responder por tráfico, associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e homicídios

Correio do Povo

Áudios revelam presos mandando integrantes da quadrilha picharem territórios da facção dos "Manos"

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As investigações decorrentes da Operação Kommunication, deflagrada nos municípios de Campo Bom, São Leopoldo, Sapucaia do Sul e na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) resultou na prisão preventiva de 13 pessoas, sendo que dez já estavam recolhidas no sistema prisional. Além disso, os mandados de busca resultaram na apreensão de R$ 32.515 mil, 63 dólares americanos, 20 pesos uruguaios, mil pesos chilenos, uma cédula de yuan chinês e 10 dólares de Hong Kong.

Em Campo Bom, foram localizadas ainda quatro balanças de precisão, uma espingarda calibre 28, 550g de maconha e porções de crack e cocaína. A Operação, uma continuidade das investigações da Operação Praefectus (deflagrada em abril de 2014), foi realizada pela Promotoria Especializada Criminal de Porto Alegre, com apoio da Brigada Militar e do Grupo de Ações Especiais da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe). Os presos deverão responder pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, tráfico de armas, lavagem de dinheiro, homicídios e tentativas de homicídios.

As investigações dão conta que detentos da Pasc, da Penitenciária Modulada de Charqueadas e do Presídio Central de Porto Alegre comandam células criminosas nos municípios de Campo Bom, São Leopoldo, Guaíba, Igrejinha e Porto Alegre. A partir das celas, por meio de smartphones, os detentos ordenam execuções de desafetos para conquista de territórios para o tráfico e a distribuição de drogas em regime de atacado. As duas células da facção dos “Manos” movimentavam R$ 300 mil por semana em venda de entorpecentes.

“Chegava a ter entrada de 20 a 25 telefones por mês, isso na penitenciária mais segura do nosso Estado, onde tem scanner, raio-X e qualquer um que entra lá tem que passar por tudo isso”, detalhou Ricardo Herbstrith. “A situação é complexa e exige soluções complexas, o primeiro passo é aceitar – no sentido de saber – que são os presos que estão mandando”, disse o Promotor de Justiça.

Durante as investigações, outras 30 pessoas foram presas e houve a apreensão de 31 quilos de crack, 32 quilos de maconha, cinco quilos de cocaína, três veículos clonados, um fuzil, dez pistolas, duas espingardas, uma submetralhadora e três coletes.

Durante as investigações, foram interceptadas conversas telefônicas com autorização judicial. Em um dos diálogos, ocorrido em outubro, um preso determina, de dentro da Penitenciária Modulada de Charqueadas, a execução de um desafeto na Serra, o que acontece três dias depois. O preso fica escutando, por telefone, a morte – e comemora. Em outra situação, um dos investigados ordena, de dentro da Pasc, a execução de um integrante de um grupo rival, mas o homem não morre e, em outra conversa, ele e a companheira reclamam da falta de mira.

Outra conversa revelou que foi criado o “Estatuto dos Manos”, em que os integrantes (cerca de 450 diretos e outros 2 mil indiretos) são protegidos pela facção em troca do pagamento de R$ 200 por mês. O rendimento, conforme os diálogos, é de R$ 1,3 mi ao ano, o que lhes garantiu a compra de 50 fuzis. “Se tu precisar dos 50 ‘fuzil’ tu pega, se perder, tu perdeu, tu não tem que pagar”, diz um dos presos a integrantes de menor escalão. Um deles, inclusive, pede dinheiro para mandar a um comparsa que está “fraco” na cadeia.

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