Operação do MP em presídios do RS termina com a prisão de 13 pessoas
Presos devem responder por tráfico, associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e homicídios
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Em Campo Bom, foram localizadas ainda quatro balanças de precisão, uma espingarda calibre 28, 550g de maconha e porções de crack e cocaína. A Operação, uma continuidade das investigações da Operação Praefectus (deflagrada em abril de 2014), foi realizada pela Promotoria Especializada Criminal de Porto Alegre, com apoio da Brigada Militar e do Grupo de Ações Especiais da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe). Os presos deverão responder pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, tráfico de armas, lavagem de dinheiro, homicídios e tentativas de homicídios.
As investigações dão conta que detentos da Pasc, da Penitenciária Modulada de Charqueadas e do Presídio Central de Porto Alegre comandam células criminosas nos municípios de Campo Bom, São Leopoldo, Guaíba, Igrejinha e Porto Alegre. A partir das celas, por meio de smartphones, os detentos ordenam execuções de desafetos para conquista de territórios para o tráfico e a distribuição de drogas em regime de atacado. As duas células da facção dos “Manos” movimentavam R$ 300 mil por semana em venda de entorpecentes.
“Chegava a ter entrada de 20 a 25 telefones por mês, isso na penitenciária mais segura do nosso Estado, onde tem scanner, raio-X e qualquer um que entra lá tem que passar por tudo isso”, detalhou Ricardo Herbstrith. “A situação é complexa e exige soluções complexas, o primeiro passo é aceitar – no sentido de saber – que são os presos que estão mandando”, disse o Promotor de Justiça.
Durante as investigações, outras 30 pessoas foram presas e houve a apreensão de 31 quilos de crack, 32 quilos de maconha, cinco quilos de cocaína, três veículos clonados, um fuzil, dez pistolas, duas espingardas, uma submetralhadora e três coletes.
Durante as investigações, foram interceptadas conversas telefônicas com autorização judicial. Em um dos diálogos, ocorrido em outubro, um preso determina, de dentro da Penitenciária Modulada de Charqueadas, a execução de um desafeto na Serra, o que acontece três dias depois. O preso fica escutando, por telefone, a morte – e comemora. Em outra situação, um dos investigados ordena, de dentro da Pasc, a execução de um integrante de um grupo rival, mas o homem não morre e, em outra conversa, ele e a companheira reclamam da falta de mira.
Outra conversa revelou que foi criado o “Estatuto dos Manos”, em que os integrantes (cerca de 450 diretos e outros 2 mil indiretos) são protegidos pela facção em troca do pagamento de R$ 200 por mês. O rendimento, conforme os diálogos, é de R$ 1,3 mi ao ano, o que lhes garantiu a compra de 50 fuzis. “Se tu precisar dos 50 ‘fuzil’ tu pega, se perder, tu perdeu, tu não tem que pagar”, diz um dos presos a integrantes de menor escalão. Um deles, inclusive, pede dinheiro para mandar a um comparsa que está “fraco” na cadeia.