Operação policial mira na facção criminosa PCC em oito estados

Operação policial mira na facção criminosa PCC em oito estados

Polícia Federal, Receita Federal e a Polícia Civil do Paraná cumpriram 117 ordens judiciais, além de sequestro e bloqueio de bens e valores que chegam a R$ 1 bilhão

Correio do Povo

Investigação apontou o uso de portos para remeter drogas ao exterior

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A Polícia Federal, Receita Federal e a Polícia Civil do Paraná deflagraram nesta quinta-feira a operação Downfall com o objetivo de atingir a facção criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC), especializada no tráfico internacional e interestadual de drogas e com diversas ramificações no país. Mais de 500 agentes cumpriram 30 mandados de prisão preventiva e 87 mandados de busca e apreensão no Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Goiás e Espírito Santo.

Houve ainda a decretação de medidas patrimoniais de sequestro de imóveis, bloqueio de bens e valores existentes nas contas bancárias e aplicações financeiras dos investigados, que totalizam cerca de R$ 1 bilhão.

As investigações revelaram que a organização criminosa constituiu uma complexa estrutura logística para operacionalizar as ações de narcotráfico interestadual e internacional, que abrange desde a produção da droga no exterior, seu posterior ingresso e transporte dentro do território nacional, distribuição interna, preparação e o envio dos carregamentos de cocaína para o exterior utilizando principalmente o modal marítimo.

Grande parte da droga movimentada pelo grupo tinha como destino os portos da Europa e, para isso, atuavam predominantemente na região do porto de Paranaguá, no Paraná. Os traficantes exportavam grandes quantidades de cocaína através da contaminação de contêineres, ocultação em cargas lícitas em refrigeradores de contêineres e uso de mergulhadores para inserir a droga em compartimento submerso dos navios, entre outros métodos.

A Polícia Federal identificou diversas apreensões de carregamentos de cocaína vinculados à atuação desta organização criminosa e, por meio de um trabalho conjunto entre a Polícia Federal e a Polícia Civil do Paraná, também foram realizadas prisões em flagrante e apreensões de droga no decorrer da investigação, totalizando aproximadamente 5,2 toneladas de cocaína.

Os lucros obtidos com essas atividades criminosas também estavam sendo usados para subsidiar a ampliação da estrutura logística do grupo, mediante aquisição de aeronaves, barcos, empresas, imóveis, entre outros instrumentos destinados a fomentar a expansão das suas ações, além de armas de fogo e munições para intensificar o poderio bélico e a capacidade de intimidação em face de outros grupos criminosos.

Além do esquema de narcotráfico, alguns dos seus integrantes também estão envolvidos com outras práticas criminosas, como homicídios e o tráfico de armas de fogo, munições e acessórios, que também eram fornecidas para subsidiar a guerra entre facções criminosas no litoral paranaense e impor o domínio territorial naquela região.

As investigações revelaram ainda que lideranças dessa organização criminosa empregavam diversas metodologias para ocultar e dissimular a procedência ilícita dos seus vultosos ganhos financeiros e do patrimônio multimilionário constituído a partir dos crimes perpetrados. Nesse contexto, a Polícia Federal apurou que o principal esquema financeiro para promover a lavagem do dinheiro proveniente do tráfico internacional de drogas era o investimento no setor imobiliário do litoral de Santa Catarina.

Os investimentos consistiam na aquisição de apartamentos de alto padrão e financiamento com o dinheiro ilícito para construção de empreendimentos imobiliários, o que era feito com a conivência de algumas construtoras e empresas do setor envolvidas no esquema criminoso. Essas empresas são suspeitas de realizarem negócios jurídicos fraudulentos ou não declarados que foram custeados com recursos oriundos do tráfico internacional de drogas, existindo indícios de que seus representantes tinham conhecimento da procedência ilícita dos valores que subsidiaram as transações.

O trabalho identificativo constatou também pagamentos de imóveis de luxo com altas quantias de dinheiro em espécie sem a devida comunicação aos órgãos competentes, bem como a utilização de interpostas pessoas para ocultar a identidade do real adquirente. 


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