"Passavam atirando em inocentes", diz Polícia sobre grupo alvo de ação na zona Sul de Porto Alegre

"Passavam atirando em inocentes", diz Polícia sobre grupo alvo de ação na zona Sul de Porto Alegre

Adolescentes e menino de 12 anos estão entre as vítimas de ataques realizados por facção no bairro Cascata

Marcel Horowitz

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Um carro passando e atirando a esmo pelas ruas de Porto Alegre. Foi assim que o diretor do Departamento de Homicídios (Dhpp), delegado Mario Souza, recontou o ataque que vitimou os irmãos Marina Maciel dos Santos, de 16 anos, e João Francisco Maciel dos Santos, de 14, no dia 19 de abril, no bairro Cascata, na zona Sul.

Ainda segundo ele, os autores dos disparos são integrantes de uma facção criada no bairro Bom Jesus, na zona Leste, mas que também criou ramificações na zona Sul. Na data do crime, explica Souza, cinco traficantes guiavam um Ford Ecosport na avenida Herval, à procura de rivais. Quando não os encontraram, resolveram disparar contra moradores da região.

O atentado, além da morte dos irmãos, também deixou outro adolescente, de 17 anos, e um casal baleados, sendo que os três sobreviveram. Nenhuma das vítimas tinha envolvimento com o tráfico de drogas. 

"Eles passavam pelas ruas atirando, matando pessoas inocentes. Essa violência entre facções transbordou e acabou matando dois jovens”, afirmou o diretor do Dhpp. "A facção que autorizar esse tipo de coisa em Porto Alegre terá resposta. Não vamos aceitar isso. Esse é o motivo de, além dos cinco executores, outros envolvidos também terem sido alvo da operação." 

Souza se referia à Operação Per La Madre - ou 'para a mãe', em português - deflagrada nesta terça-feira, cumprindo 66 mandados de prisão em 137 ordens de busca e apreensão. As diligências ocorreram nas cidades de Porto Alegre, Canoas, Cachoeirinha, Alvorada, Viamão, Sapucaia do Sul, Gravataí, Parobé, Capivari do Sul, Charqueadas e Arroio dos Ratos, abrangendo também a capital catarinense Florianópolis. A ação contou com a participação de 600 policiais civis, militares e penais. 

Até o momento desta publicação, 49 alvos já haviam sido presos. Além disso, foram apreendidos 130 quilos de maconha, sete quilos de crack e cocaína, um simulacro de fuzil, quatro pistolas 9 milímetros - de uso restrito - e três revólveres calibre .38. 

De acordo com a delegada Clarissa Demartini, titular da 1ª DP de Homicídios, o grupo foi identificado após equipes do Instituto-Geral de Perícias (IGP) encontrarem digitais em um coquetel molotov, localizado dentro do Ecosport, que fora abandonada pelos criminosos. "O molotov provavelmente seria utilizado para destruir o veículo e eliminar provas. Ou até mesmo para a realização de outro ataque", disse ela. 

Clarissa destaca ainda que, a partir da identificação, foi constatado que o grupo também participou de um atentado, no dia 15 de maio, na rua Francisco Martins. Dessa vez, eles guiavam um Chevrolet Prisma branco e com placas clonadas, quando uma idosa foi baleada no ombro. Ela sobreviveu.

Quinze dias depois, utilizando o mesmo veículo, eles efetuaram mais um ataque a tiros contra uma loja de conveniência, também no bairro Cascata. "Cerca de 30 pessoas, nenhuma delas envolvidas com o crime organizado, estavam no local. Ninguém foi atingido", relatou a delegada. 

As investigações ainda revelaram que, no dia 12 de setembro do ano passado, a facção também determinou o ataque a tiros contra uma barbearia, que vitimou Eliezer Samuel Lucas, de 12 anos. O barbeiro Edgar Rodrigues Lisboa, 26, também morreu, atingindo pelos disparos enquanto tentava proteger o menino. 


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