PM aposentado é indiciado como suspeito da morte de jovem em universidade
Policial militar responderá pelo crime em liberdade
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Ao se apresentar à Polícia com seu advogado cinco dias após o homicídio, o policial militar confessou ter feito disparos, mas alegou ter agido em legítima defesa. Contudo, o inquérito policial da 1ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (1ª DHPP) aponta que ele mentiu. A vítima não teria tentado tirar a arma do policial, como o PM havia relatado em depoimento.
“Ele apresentou a versão de legítima defesa. Alegou para nós que estaria no campus em função do filho dele que trabalha como segurança da PUC. No entanto, chegamos a uma conclusão diferente”, explicou o delegado Rodrigo Reis, dizendo que o jovem já estava rendido quando foi executado. O inquérito será remetido à Justiça.
Segundo a investigação, o filho do PM – que é um dos seguranças da PUCRS – teria sido ameaçado por Silva, que era conhecido na região por furtar bicicletas de alunos. Um dia antes do crime, Silva esteve na PUCRS e se envolveu em uma confusão com os vigilantes. Ele foi levado ao Palácio da Polícia, onde a ocorrência foi registrada. Após ser liberado, no mesmo dia, o jovem retornou à PUCRS e ameaçou os vigilantes.
Um dia após ser levado para o Palácio da Polícia, Silva retornou à PUCRS e foi abordado pelos vigilantes, que o levaram até a parte dos fundos do prédio 50. Além dos vigilantes uniformizados, um grupo de policiais aposentados à paisana também fazem a segurança da universidade. Eles se aproximaram do grupo e também cercaram o rapaz que, de acordo com Reis, “não esboça nenhum tipo de reação e se entrega”.
“Ele (policial militar aposentado) conversou com a vítima e minutos depois efetuou pelo menos quatro disparos de arma de fogo”, relatou o delegado Rodrigo Reis. A vítima estava sentada quando recebeu os disparos, o que indica que não houve reação que justificasse “a legítima defesa” alegada pelo indiciado. “Isso indica que a vítima foi executada”.
A principal suspeita dos policiais civis sobre a motivação do crime é de que o brigadiano assassinou Silva pelas ameaças feitas ao seu filho. “Ele sozinho efetuou os disparos. Isso é relatado pelas testemunhas”, assinalou o delegado Rodrigo Reis. “Não houve relato de que Rafael reagiu ou de que houve alguma discussão ou conflito”, enfatizou.
O diretor do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa, delegado Paulo Rogério Grillo, entende que, mesmo em uma eventual reação da vítima por estar sendo contido, a ação do brigadiano aposentado parece “desproporcional e exagerada” pois o mesmo estava cercado pelos seguranças e desarmado. “Alegar legítima defesa parece inaceitável”, avaliou.