Polícia Civil deflagra operação contra o "golpe da arara" na Região Metropolitana de Porto Alegre
Bens indisponíveis dos investigados, envolvidos também com lavagem de dinheiro, ficam em torno de R$ 7 milhões
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A Polícia Civil deflagrou na manhã desta terça-feira a operação Laverna que investiga os crimes de lavagem de dinheiro e ocultação de bens, direitos e valores provenientes do chamado “golpe da arara” na Região Metropolitana de Porto Alegre. A ação, realizada em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal, em Porto Alegre, Guaíba, Xangri-Lá, Tramandaí, Cachoeirinha, Canoas e Esteio.
Houve o cumprimento de 74 ordens judiciais, sendo 13 mandados de busca e apreensão; 35 afastamentos de sigilo bancário, fiscal e financeiro; dez bloqueios de contas bancárias; dois sequestros de bens imóveis; e ainda indisponibilidade de 14 veículos. De acordo com a Polícia Civil, os bens móveis e imóveis indisponíveis ficam em torno de R$ 7 milhões.
Cerca de 70 policiais civis e policiais rodoviários federais foram mobilizados, sendo distribuídos em 13 equipes nas sete cidades. Houve o recolhimento de documentos, cartões bancários, máquinas de pagamentos, placas veiculares, mídias e computadores, entre outros.
A investigação foi realizada pela DP de Guaíba e 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (2ª DPRM) durante seis meses. Em janeiro deste ano, um indivíduo foi preso em flagrante pelo crime de estelionato em uma ação com a PRF em Guaíba. O suspeito transportava uma carga de produtos químicos em um caminhão, mas não havia efetuado o pagamento.
No decorrer das diligências, a quadrilha foi identificada. Os agentes apuraram que o golpe dividia-se basicamente em duas fases. Utilizando nome falso e CNPJ mediante procuração, os criminosos concretizavam a segunda fase com o “golpe da arara”.
Conforme os policiais civis, o “golpe da arara” consistia em realizar compras no comércio com entrega antecipada ao pagamento ou com efetivação da entrada e demais parcelas, ficando em débito com os fornecedores. No entanto, os golpistas não executavam o pagamento posterior e sumiam com as mercadorias.
Em todos os casos, uma empresa de fachada com suposta sede em Guaíba era utilizada no esquema. Em meados de dezembro do ano passado, os golpistas colocaram um cartaz de férias coletivas no portão dela e todo o prédio foi deixado vazio. O CNPJ desta empresa utilizada pela organização criminosa conta com mais de 460 protestos somente na cidade, somando aproximadamente R$ 2,7 milhões em dívidas não pagas.
As vítimas estão localizadas em diversos estados, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Entre elas estão fornecedores de produtos das mais diversas áreas mercantis, como construção, eletroeletrônico e calçadista. Ao menos 20 delas foram lesadas.
Ao longo do trabalho investigativo, os policiais civis descobriram que as mercadorias eram comercializadas depois abaixo do valor de mercado. A incompatibilidade do capital movimentado pelos investigados com o patrimônio registrado em seus nomes gerou também suspeita de lavagem de ocultação de valores e bens.
Durante os seis meses de apuração sobre a quadrilha, diversas pessoas físicas e jurídicas ligadas de diferentes maneiras aos investigados foram analisadas, resultando em 35 alvos relacionados aos crimes.