Polícia Civil estima cerca de 60 homicídios cometidos em dois anos por facção em Alvorada

Polícia Civil estima cerca de 60 homicídios cometidos em dois anos por facção em Alvorada

Organização criminosa foi alvo de megaoperação deflagrada na manhã desta quarta-feira

Correio do Povo

Cerca de 850 agentes entraram em um condomínio no bairro Umbu para cumprir 279 ordens judiciais

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O titular da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) de Alvorada, delegado Edimar Machado, não descartou que o braço da facção criminosa, desarticulado na manhã desta quarta-feira na operação Consórcio, tenha cometido dezenas de assassinatos no bairro Umbu. “A gente estima que entre 2018 e 2020 eles tenham participação em pelo menos 60 homicídios nesta região. Existe uma outra área do Umbu que é dominada por uma facção rival. Neste período ocorreram diversos confrontos entre as duas facções”, revelou, durante balanço da ação que resultou em 15 criminosos presos. Outros 39 foram detidos após o começo das investigações que duraram 18 meses.

Armas, munições, drogas, radiocomunicadores, dinheiro e telefones celulares foram apreendidos pelos policiais civis nesta quarta-feira durante o cumprimento de 279 ordens judiciais, sendo 182 mandados de busca e apreensão, 67 mandados de prisão e 30 medidas restritivas de contas bancárias. Cerca de 850 agentes foram mobilizados ao amanhecer desta quarta-feira, ocupando todo o condomínio. 

O braço da facção atuava com o tráfico de drogas e execuções na cidade, tendo ocupado e expulsado moradores de um condomínio popular no bairro Umbu. As ordens vinham de um detento recolhido na Penitenciária Modulada de Charqueadas. Os agentes identificaram 99 integrantes da célula criminosa. No trabalho investigativo, um total de 125 linhas telefônicas foram interceptadas, enquanto que 1,8 milhão de ligações e 1,2 mil delas transcritas.

O delegado Edimar Machado acredita que os criminosos atuavam no condomínio desde 2017, ameaçando os moradores e obrigando-os até a armazenarem drogas e armas. Os imóveis das famílias expulsas ficavam com os próprios integrantes da facção, podiam ser comercializados irregularmente ou até mesmo alugados para terceiros. Em torno de 50 registros de apartamentos invadidos já foram contabilizados.

O titular da DPHPP de Alvorada recordou que o trabalho investigativo começou com o objetivo de esclarecer os homicídios e tráfico de drogas na cidade. “Esta operação surgiu da necessidade de formar provas contra os mandantes dos homicídios. A gente conseguia identificar e prender os matadores, mas não conseguíamos identificar as lideranças. Então partimos para uma investigação mais aprofundada visando toda a organização criminosa”, lembrou.

“Descobrimos então uma série de crimes como roubos de veículo, residência e pedestre. Chegamos até a movimentação financeira e lavagem de dinheiro, além da expulsão de moradores. Identificamos diversas células da facção criminosa”, acrescentou o delegado Edimar Machado. Os recursos oriundos da venda ou aluguéis dos imóveis, observou, serviam até para a compra de armas e drogas.


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