Polícia identifica dono de carro e moto usados em ataque ao Porta dos Fundos

Polícia identifica dono de carro e moto usados em ataque ao Porta dos Fundos

Caso está sendo tratado como um crime de explosão e possível tentativa de homicídio

Agência Brasil e Estadão Conteúdo

Ataque terrorista também não está descartado

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A Polícia Civil do Rio criou uma espécie de força-tarefa para investigar o atentado contra o canal de humor Porta dos Fundos. Já foram identificados ao menos quatro homens que participaram do ataque à produtora,  alvo de coquetéis molotov no dia 24 deste mês. Segundo o delegado titular da 10ª Delegacia de Polícia (Botafogo), Marco Aurélio de Paula Ribeiro, já se sabe quais são as características físicas dos suspeitos, mas ainda não há conclusão sobre a identidade deles. O delegado informou que foram identificados os donos de um carro e uma motocicleta usados durante o ataque, que está sendo tratado como um crime de explosão e uma possível tentativa de homicídio, já que um vigilante da produtora, que estava na portaria, sofreu risco de morrer. 

O delegado participou na manhã desta quinta-feira de uma reunião com representantes do canal de humor e o subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Polícia Civil, Fábio Barucke, na sede da corporação, no centro do Rio de Janeiro. "A preocupação da polícia é demonstrar para a sociedade que essa conduta é grave e que eventuais repetições deste comportamento também serão punidas", afirmou Ribeiro. "A polícia vai tomar conta e apurar todas as condutas que impliquem em manifestação de opinião e de expressão religiosa das pessoas", completou.

O ator João Vicente de Castro foi um dos presentes no encontro. "Confiamos totalmente no trabalho da Polícia Civil. O Rio de Janeiro não precisa de mais violência e a gente precisa cortar esse mal pela raiz. O que aconteceu foi um atentado à liberdade de expressão", disse, em breve declaração ao sair do local.

O enquadramento do caso na Lei Antiterrorismo não foi descartado, segundo os delegados que estiveram na reunião e atenderam à imprensa no início da tarde de hoje. "O terrorismo, a princípio, não foi classificado, mas não descartamos qualquer hipótese", disse Fábio Barucke. "Temos que trabalhar com os fatos até então acontecidos. Foi uma explosão dentro de uma unidade particular e que gerou perigo concreto à vida de uma pessoa que estava no local e sofreu, de fato, uma tentativa de homicídio."  Se o caso vier a ser considerado terrorismo, sua análise seria da competência da Justiça Federal.

O subsecretário da Polícia Civil destacou que a corporação vê o caso como de extrema gravidade e mobilizou uma força-tarefa que envolve também a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI). A delegacia especializada já está produzindo provas para chegar à autoria do ataque, que foi filmado e publicado nas redes sociais supostamente por um grupo que se identifica como integralista e ainda está sob investigação da polícia.

Autoria de vídeo

Segundo Barucke, o grupo que teria reivindicado a autoria dos ataques no vídeo nega relação com o ocorrido. "O vídeo é verídico. O que não se sabe é se realmente foi o grupo que fez. O grupo integralista diz que não é deles", disse, afirmando também que espera que a responsabilização intimide ações semelhantes.  "Julgamos importante, além de responsabilizar pelo fato já produzido, inibir ações futuras que esse grupo possa estar planejando".

O canal Porta dos Fundos vem recebendo ataques virtuais e críticas desde que publicou no Netflix o especial de Natal deste ano, no qual retrata de forma humorística partes da vida de Jesus Cristo, que vive um relacionamento homossexual no longa-metragem. A Polícia Civil ainda analisa a possibilidade de que o atentado tenha alguma relação com o filme. "Não posso, no início da investigação, dar certeza da motivação dos agentes", disse o delegado titular da 11ª DP, que vai conduzir o inquérito.

Na manhã de hoje, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, comentou o ataque à produtora e disse que "a via correta para buscar qualquer eventual reparação" é o Poder Judiciário. "Queremos, no prazo mais rápido possível, encontrar os autores dessa espécie de atentado e dar imediatamente à sociedade às respostas necessárias", disse o governador a jornalistas no Palácio Guabanara, sede do executivo estadual.


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