Suspeitos de lavar dinheiro para o tráfico em Porto Alegre foram alvo, nesta terça-feira, da Operação Riciclaggio. Eles teriam movimentado quantias de uma facção com presença nas vilas Resvalo e Funil, e que é apontada como responsável por homicídios na zona Sul da Capital. Quatro pessoas foram presas em flagrante.
A ação ocorreu sob o comando da Delegacia de Repressão ao Crime de Lavagem de Dinheiro, vinculada ao Departamento de Homicídios (DHPP) da Polícia Civil. O objetivo foi desarticular o esquema, descapitalizando o grupo criminoso envolvido em mortes.
Junto a Brigada Militar, os agentes cumpriram 125 ordens judiciais, entre mandados de busca e apreensão, bloqueio de ativos e quebra de sigilos bancários, em Porto Alegre, Cachoeirinha, Canoas, Alvorada e Guaíba. As medidas judiciais congelaram mais de R$ 1,1 milhão. Houve ainda a apreensão de R$ 70 mil em notas, seis veículos, computadores, celulares e de seis armas, incluindo dois fuzis.
De acordo com o delegado Marcus Viafore, que coordenou os trabalhos, o esquema é encabeçado por dois irmãos. Ambos investigados somam passagens por tráfico, sendo que um deles também responde por homicídio.
Ainda segundo Marcus Viafore, a dupla comandaria uma rede de laranjas para compra e venda de veículos e imóveis, além de gerenciar uma empresa de reciclagem, tudo na intenção de mascarar o dinheiro do crime organizado. A estimativa é que, desde 2021, mais de R$ 9,2 milhões foram movimentados através do esquema.
O diretor do DHPP, delegado Mario Souza, reforça que a repressão da lavagem de dinheiro enfraquece o poderio financeiro das facções. A ideia é impedir que quantias ilícitas sirvam para bancar crimes contra a vida.
"A operação foi antecipada para enfraquecer a facção criminosa que está envolvida em homicídios na zona Sul da capital”, disse Mario Souza.
Apesar do foco em combater assassinatos, a ofensiva não teve relação direta com a morte de Camilla Lopes Fruck, de 25 anos, vítima de bala perdida no extremo Sul de Porto Alegre. A jovem foi atingida na cabeça durante confronto entre duas gangues locais do bairro Restinga, no sábado. Os bandos, apesar de financiados por organizações criminosas, constam em outra apuração da PC, sendo um caso separado.
Homicídios na zona Sul de Porto Alegre
Os alvos da Operação Riciclaggio seriam ligados a uma quadrilha que atua nas vilas Resvalo e Funil, respectivamente bairros Cristal e Camaquã, na zona Sul de Porto Alegre. Esse grupo ainda teria presença na Vila Maria, no bairro Cavalhada, sendo núcleo de uma facção com base no Vale do Sinos, mas que também criou ramificações na Capital.
Um criminoso de alcunha Charrete é apontado como líder do bando. Ele disputa pontos de tráfico com faccionados da Vila Cruzeiro, que são chefiados por um detento conhecido como Milico. O confronto resultou em homicídios na zona Sul ao longo do ano, incluindo a execução de dois homens, no último dia 30 de outubro, também na mesma região da Capital.