Porto Alegre: companheira de líder de facção é presa no bairro Bom Fim por morte de fotógrafo

Porto Alegre: companheira de líder de facção é presa no bairro Bom Fim por morte de fotógrafo

Paula Caroline Ferreira Rodrigues responde pelo homicídio de José Gustavo Bertuol Gargioni, ocorrido em 2015, em Canoas

Marcel Horowitz

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O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil anunciou, nesta segunda-feira, a prisão preventiva de Paula Caroline Ferreira Rodrigues, investigada por envolvimento na morte do fotógrafo  José Gustavo Bertuol Gargioni, de 22 anos, em Canoas, na região Metropolitana. Segundo a corporação, a mulher de 29 anos é ex-companheira de Juliano Biron da Silva, de 40 anos, considerado líder de uma facção e apontado como mandante do assassinato, ocorrido em julho de 2015. 

No dia 4 de fevereiro de 2020, um júri popular já havia condenado Biron a mais de 20 anos de prisão pelo crime. Na ocasião, após mais de 12 horas de julgamento, ele recebeu penas de 19 anos e seis meses por homicídio qualificado - meio cruel, motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima -  e de um ano e dois meses, por ocultação de cadáver. Paula, no entanto, não compareceu à sessão, alegando problemas de saúde.

Com a ausência da ré no júri popular, o processo foi dividido, sendo determinado que ela seria julgada em outra data, quando responderia pelos mesmos crimes do ex-companheiro. Conforme a Polícia Civil, no entanto, Paula, que respondia em liberdade provisória, continuou evitando ir a júri. 

"A cada nova data marcada para o julgamento, ela seguia alegando problemas de saúde ou simplesmente não comparecia", afirmou o delegado Gabriel Casanova, titular da Delegacia de Capturas.

As repetidas ausências dela acabaram resultando em um mandado de prisão preventiva, expedido pela 1ª Vara do Júri da comarca de Canoas.

Ainda de acordo com o delegado, que coordenou a ação, Paula era considerada foragida desde meados de setembro. Ela foi presa na última sexta-feira, no bairro Bom Fim, onde morava. "No momento da prisão, ela estava prestes a realizar uma perícia médica com o intuito de permanecer em liberdade. Na realidade, a intenção dela era permanecer oculta e fugir do julgamento", destacou Casanova. 

A presa, segundo o boletim de ocorrência, está grávida de seis meses. Segundo o registro, ela tem antecedentes por ameaça e lesão corporal, além de já ter sido flagrada tentando ingressar com um aparelho celular no sistema prisional. Paula também já respondeu por uma tentativa de homicídio, quando ainda era adolescente.  

De acordo com as investigações, ela atualmente estaria em um relacionamento com Letier Ademir Silva Lopes, o Letier, líder de outra facção, essa vinculada a um grupo criado no bairro Bom Jesus, na zona Leste de Porto Alegre. Ele chegou a ser transferido para o Sistema Penitenciário Federal, em 2017, mas retornou ao Rio Grande do Sul, sendo enviado à Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), onde cumpre pena de 47 anos por tráfico, homicídio, porte ilegal de armas, extorsão, entre outros. O criminoso, segundo a Polícia Civil, é investigado por envolvimento em ao menos 28 homicídios. 

 Relembre o crime 

Segundo o inquérito da Polícia Civil, o fotógrafo José Gustavo foi morto na madrugada de 28 de julho de 2015. Ele havia sido sequestrado na noite anterior, após marcar um encontro via Facebook com Paula, com quem tinha um relacionamento. O mentor do sequestro seria Biron, apontado como líder de uma organização criminosa com base no Vale do Sinos, que também tinha um relacionamento com Paula e não aceitava o envolvimento dela com a vítima. 

O documento também destaca que, após ter sido colocado dentro de um Kia Soul Branco, guiado pelo casal, José Gustavo ainda tentou fugir, pulando pela janela do veículo em movimento, na BR 448. Ferido, ele acabou sendo recapturado pelos criminosos e levado até a prainha de Paquetá, em Canoas. No local, o jovem passou por uma sessão de tortura, em que foi alvo de agressões e coronhadas, sendo posteriormente executado com ao menos 19 disparos. 

O casal foi capturado, em novembro de 2015, e denunciado pelo Ministério Público por crime passional. Durante o júri em que foi condenado, Biron negou participação no crime. No entanto, segundo ele, a ex-companheria teria confessado que tinha um caso com o fotógrafo e cometido o assassinato como 'prova de amor'.

"Os detalhes [do crime] ela não me falou. Fez como prova de amor, para provar o amor por mim", afirmou o traficante na ocasião. Ele cumpre pena na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná, para onde foi transferido em 2022.


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