Polícia

Presidente do sindicato da Polícia Civil é acusado de agressão por ex-esposa em Porto Alegre

Isaac Ortiz, que nega as acusações, foi liberado após registro de ocorrência

Isaac Ortiz nega ter agredido ex-esposa na zona Norte da Capital
Isaac Ortiz nega ter agredido ex-esposa na zona Norte da Capital Foto : Jacqueline Furini / Especial CP

O presidente do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores da Policia Civil do RS (Ugeirm) é acusado de violência doméstica por sua ex-esposa. A mulher, de 36 anos, disse à Brigada Militar que o caso teria acontecido durante um bate-boca com Isaac Ortiz, de 58 anos, na zona Norte de Porto Alegre, nessa terça-feira. Ele nega as acusações.

A ocorrência foi registrada na rua Laudelino Freire, no bairro Sarandi, na casa do policial civil. No local, a mulher alegou aos PMs que foi agarrada no braço e jogada no chão. A mãe dela, de 56 anos, também relatou ter sido empurrada enquanto tentava apartar a briga do casal.

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Os dois estão separados há aproximadamente cinco anos. Eles tem um filho de 12 anos, que mora com o pai. O caso é investigado na 2ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), sob a titularidade da delegada Fernanda Campos Hablich. A arma do policial já havia sido recolhida por conta de outra ocorrência similar.

Isaac Ortiz, que nega ter agredido a ex, se manifestou através de nota:

"Diante das várias notícias que têm circulado em grupos de WhatsApp de Policiais Civis sobre fatos relacionados à minha vida pessoal, sinto-me na obrigação de prestar esclarecimentos acerca do ocorrido na última terça-feira (7). Até o momento, optei por não me pronunciar, para evitar a exposição da minha ex-companheira e, principalmente, do nosso filho. No entanto, como a situação se tornou pública, considero necessário relatar os fatos com transparência.

Primeiro, é importante responder a ocorrência que a Brigada Militar lavrou, com vários fatos inverídicos, e que foi divulgada, de forma irresponsável, nas redes sociais.

1)Em nenhum momento agredi a minha ex-esposa e muito menos a sua mãe. Isso pode ser comprovado pelo Boletim de Ocorrência lavrado na 1ª DEAM, que verificou a inexistência de qualquer tipo de lesão na minha ex-companheira e na sua mãe;

2)Em nenhum momento recebi voz de prisão da Brigada Militar e, muito menos, me neguei a acompanhar os colegas da BM até a 1ª DEAM. Lembrando que eu procurei por livre e espontânea vontade a 2ª DEAM, sem nem mesmo ter conhecimento que minha ex-companheira iria registrar ocorrência com a BM, na referida delegacia.

3)Eu não me neguei a apresentar a minha identidade funcional. Por sair de forma intempestiva de casa, não estava em posse dela, portanto não tinha como apresenta-la.

Frente às inverdades relatadas na ocorrência e a sua divulgação, de forma irresponsável e com vários fatos inverídicos, cumpre ressaltar que tomarei as providências legais cabíveis.

Agora, passo a relatar o histórico que levou à situação extrema ocorrida na terça-feira.

Há aproximadamente cinco anos, decidi pela separação da minha ex-companheira. Desde então, nossa relação tem sido difícil e, com o tempo, se agravou. Ao me separar, deixei a residência onde morávamos, permanecendo ela no local junto com sua filha e o nosso filho, por decisão dela. Por decisão judicial, foi determinada a guarda compartilhada do menino.

Nos primeiros tempos, ocorreram alguns atritos, que procurei relevar, compreendendo que ela atravessava um momento sensível e acreditando que, com o tempo, a situação se estabilizaria. Contudo, o cenário se agravou. Em agosto do ano passado, ela decidiu deixar a casa que eu havia disponibilizado para ela e nosso filho, pedindo que eu voltasse a morar ali com as crianças. A partir daquele momento ela passou, então, a residir com o namorado, mantendo livre acesso à residência e visitando os filhos a hora que quisesse. Porém, os conflitos aumentaram, chegando ao ponto de ela registrar uma denúncia na 2ª DEAM, posteriormente arquivada pela Justiça. Na decisão de arquivamento, o Juiz recomendou que ela buscasse ajuda médica profissional.

É importante deixar claro que, em todos os momentos, procurei agir com compreensão, visando proteger as crianças e evitar qualquer exposição desnecessária. Em diversas ocasiões, enfrentei situações de extrema agressividade por parte dela e, mesmo assim, evitei recorrer à polícia. No entanto, na tarde de ontem, a situação ultrapassou os limites.

Eu estava com o nosso filho na minha casa quando a minha ex-companheira chegou, junto com a avó da criança, informando que o levaria a uma consulta médica da qual nem eu, nem ele, tínhamos conhecimento. O menino, ao perceber o nervosismo da mãe e por não querer faltar à aula, recusou-se a acompanhá-la, pedindo que a consulta fosse remarcada. A partir desse momento, houve uma tentativa de levá-lo à força, causando inclusive um ferimento no braço do menino, e, frente a essa situação, eu tentei intervir e ela tentou me agredir. Diante disso, consegui me afastar e sair com o menino de casa, deixando-a na minha residência, junto com a sua mãe.

Em seguida, procurei a 2ª DEAM, para buscar orientações com os colegas sobre como proceder diante de uma situação que se tornou insustentável. Pouco depois da minha chegada, uma viatura da Brigada Militar estacionou no local, conduzindo minha ex-companheira. Identifiquei-me como Policial Civil — embora, por ter saído de casa às pressas, não estivesse com minha identificação funcional — e, de forma espontânea, aceitei acompanhar os colegas da Brigada Militar e minha ex-companheira até a 1ª DEAM, no Palácio da Polícia, onde foi registrado um Boletim de Ocorrência como injúria com vias de fato, que significa a inexistência de qualquer lesão corporal na minha ex-companheira. Após o registro, fui liberado, e a autoridade policial recomendou que o meu filho permanecesse comigo.

Neste momento, minha principal preocupação é o bem-estar do nosso filho e, igualmente, o da minha ex-companheira. Como já mencionei, ela enfrenta dificuldades pessoais e necessita de apoio profissional para superar esse momento. Fiz tudo o que estava ao meu alcance para oferecer ajuda, mas, infelizmente, esgotei minhas possibilidades. Meu compromisso agora é garantir a segurança e a tranquilidade das crianças — tanto do meu filho quanto da filha dela, que também fica sob minha responsabilidade em várias ocasiões.

Por fim, espero sinceramente que a mãe do meu filho encontre o apoio necessário para superar essa fase difícil. Peço ainda que todos contribuam para evitar sua exposição e a divulgação de informações inverídicas, que apenas agravam uma situação já delicada para todos os envolvidos."