Quem são os 11 líderes de facção transferidos para isolamento em Charqueadas

Quem são os 11 líderes de facção transferidos para isolamento em Charqueadas

Apenados de quatro penitenciárias gaúchas foram isolados após diligências da Operação Pecado Capital

Marcel Horowitz

Transferência de 11 apenados para o módulo de segurança máxima ocorreu através de operação integrada

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Quatro dos 11 detentos enviados nesta semana a um módulo de isolamento na Região Carbonífera já cumpriam pena na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Outros sete, foram transferidos da Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), Penitenciária Modulada de Charqueadas (PMEC) e Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan) 3.

A transferência dos presos foi na terça-feira, durante a Operação Pecado Capital, que somou Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil, Brigada Militar e Polícia Penal.

Os esforços integram o protocolo da Segurança Pública contra assassinatos no Rio Grande do Sul.

Conforme as autoridades, todos os transferidos são lideranças de uma facção oriunda do bairro Bom Jesus, na zona Leste de Porto Alegre. A maioria deles, contudo, atuaria em núcleos do bando na Região Metropolitana.

A organização criminosa é apontada como responsável pelo assassinato do preso Jackson Peixoto Rodrigues, o Nego Jackson, morto a tiros por outros detentos na Pecan 3, em 23 de novembro.

Um dos suspeitos de participação no crime, Rafael Telles da Silva, o Sapo, foi transferido a uma penitenciária federal no dia 28 daquele mês.

Outro investigado por atuação na morte de Jackson foi enviado à Pasc no dia seguinte. Ele é Luis Felipe de Jesus Brum, um dos 11 que agora estão isolados.

Além dele, mais três detentos da Pasc foram para o isolamento. Eles são Josenildo Tiago da Silva (“Nito”), Rafael da Silva Roman (“Rafinha”) e Cristiano Feijó Madrile (“Cabelo”).

A ala de segurança máxima também recebeu mais sete apenados de outras três penitenciárias. O grupo é formado por Douglas Machado Pinheiro, Deividi Vilanova dos Santos (“Zóio”), Denilson Oscar Nunes (“Amarelo”), Cassiano Pires da Silva, Aleff Batista Cruz de Melo, Wagner da Silva Nunes (“Lacraia”) e Rafael Amaral Mendes.

O módulo de isolamento fica no entorno da Pasc. Ali, há 76 celas individuais destinadas para líderes de grupos criminosos envolvidos em homicídios.

A ideia da unidade é inviabilizar qualquer tipo de comunicação dos presos com o mundo externo. O local recebeu investimentos de R$ 30 milhões.

Confira a lista dos 11 transferidos ao isolamento

Josenildo Tiago da Silva, o “Nito”

Rafael da Silva Roman, o “Rafinha”

Cristiano Feijó Madrile, o “Cabelo”

Luís Felipe de Jesus Brum

Douglas Machado Pinheiro

Deividi Vilanova dos Santos, o “Zóio”

Denilson Oscar Nunes, o “Amarelo”

Cassiano Pires da Silva

Aleff Batista Cruz de Melo

Wagner da Silva Nunes, o “Lacraia”

Rafael Amaral Mendes

Protocolo contra homicídios

O protocolo contra homicídios no Estado tem como base a teoria da dissuasão focada, que visa reduzir crimes contra a vida por meio da repressão seletiva de pessoas, no caso, as responsáveis por ordenar assassinatos.

A ideia é influenciar os mandantes para que não provoquem mortes, combinando a aplicação da lei com outras medidas, como a asfixia financeira de facções e a transferência de presos.

Teoria da dissuasão focada

O criador da técnica foi o criminologista norte-americano David Kennedy. Professor da Universidade de Nova York, ele foi o responsável por aplicar a teoria nos Estados Unidos, tendo como principal exemplo Boston, onde houve redução brusca de homicídios em meados dos anos 1990.

Outro case de sucesso é a Colômbia. No ano passado, após a prática da dissuasão focada, Medellín alcançou o menor nível de violência em 40 anos.

Em solo gaúcho, o Departamento de Homicídios da PC, BM e Polícia Penal são pioneiros na aplicação do método. Ao final do primeiro semestre de 2023, a tática gerou redução de 54,4% dos assassinatos em Porto Alegre.

A cifra foi o menor número do indicador para qualquer mês computado desde 2010, quando teve início a série histórica, o que posicionou a Capital abaixo do índice considerado epidêmico pela Organização Mundial da Saúde (OMS).


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