Sem novidades, delegado pede prorrogação de inquérito sobre crianças esquartejadas

Sem novidades, delegado pede prorrogação de inquérito sobre crianças esquartejadas

Rogério Baggio pedirá também permissão para realizar buscas em uma escola

Raphaela Suzin

Partes dos corpos das crianças foram encontradas em setembro de 2017 no bairro Lomba Grande, em Novo Hamburgo

publicidade

Sem novidades, o delegado Rogério Baggio, da Delegacia de Homicídios de Novo Hamburgo, encaminhará à Justiça novo pedido para prorrogar o prazo das investigações sobre as crianças encontradas esquartejadas em Novo Hamburgo. O inquérito deveria ser encerrado nesta sexta-feira.

“Não temos novidades. Mas as investigações continuam”, explicou o delegado. Ele pedirá também à Justiça permissão para realizar novas diligências, como buscas em uma escola da região. “Uma hora a gente acha alguma coisa”, disse.

O caso voltou à estaca zero em fevereiro depois de a Polícia Civil seguir as pistas que indicavam que as crianças teriam sido esquartejadas em suposto ritual macabro. “Todos os depoimentos eram uma mentira”, disse Baggio à época. Sete pessoas chegaram a ser presas suspeitas de participarem da morte das crianças, mas foram liberadas por falta de prova.

A suspeita de um sacrifício religioso foi anunciada em dezembro – período em que Baggio estava de férias. Na época, o assunto ficou sob responsabilidade do delegado Moacir Fermino que afirmou ter tido “revelações divinas” que teriam indicado que as crianças teriam sido esquartejadas em um suposto ritual para atrair prosperidade.

Quando Baggio retornou ao caso, um dia antes do previsto, em função das polêmicas declarações de Fermino, descobriu que “tudo era uma mentira”. Uma das testemunhas - que afirmou em depoimento ter visto o ritual com as duas crianças - confessou que mentiu. Assim, diante dos novos fatos, Fermino foi afastado do caso e está sendo investigado pela Corregedoria da Polícia Civil.

Sobre o caso

Em 4 de setembro de 2017, duas crianças foram encontradas esquartejadas no bairro Lomba Grande, em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. As partes dos corpos estavam embaladas em sacolas plásticas e em caixas de papelão em um mato às margens da rua Porto das Tranqueiras.

Segundo a perícia, os corpos são de um menino, entre 8 e 9 anos, e de uma menina, entre 10 e 12. As crianças são irmãs apenas por parte de mãe. Há a suspeita de que elas sejam argentinas, provavelmente da região de Corrientes.

Em um primeiro momento, a Polícia suspeitou que as crianças teriam sido sacrificadas em um suposto ritual, que teria sido encomendado por dois empresários do ramo imobiliário para atrair prosperidade aos negócios. Os homens, de Novo Hamburgo, teriam pago R$ 25 mil à vista para um “bruxo” realizar o sacrifício.

Uma testemunha disse que viu parte do ritual. Segundo depoimento, ao passar pelo local, ela teria avistado as duas crianças usando capuz. Essa pessoa teria informado ainda à polícia o nome dos sete investigados. Em novo depoimento, a testemunha confessou que mentiu sobre os fatos.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895