Superlotação em presídios e delegacias transforma viaturas policiais em celas improvisadas

Superlotação em presídios e delegacias transforma viaturas policiais em celas improvisadas

Falta de vagas provoca confinamento de presos em carros da Brigada Militar nesta quinta

Jézica Bruno

Presos foram confinados em viaturas da Brigada Militar e da Guarda Municipal por até 20 horas

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A superlotação no Presídio Central de Porto Alegre e demais penitenciárias do Rio Grande do Sul fizeram com que viaturas do policiamento ostensivo virassem celas. A falta de vagas provocou um aglomerado de presos em delegacias que, por sua vez, também superlotaram. O resultado disso está sendo vivenciado há meses e nesta quinta-feira agravou-se. Na 3ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (3ªDPPA), na zona Norte, os presos foram confinados em viaturas da Brigada Militar e da Guarda Municipal por até 20h.

Dentro da delegacia, as grades não foram mais abertas após 10 homens terem sido acomodados. As celas improvisadas nas viaturas abrigavam até cinco presos, em um local com capacidade para dois. “Quando assumi o plantão, pela manhã, já havia 13 presos, 10 na cela e três nas viaturas. A única resposta que tenho é que não tem vagas no presídio, então eles vão esperar do lado de fora”, afirmou o delegado plantonista da 3ªDPPA, Thiago Carrijo Fraga, destacando que a permanência dos criminosos no local oferece riscos. “Pode haver uma tentativa de resgate por parte dos bandidos”.

Os acusados permaneciam nos veículos estacionados no sol, junto com os PMs e guardas municipais. Eles recebiam água e entravam e saíam da delegacia apenas para ir ao banheiro.

O secretário de Segurança Pública, Cezar Schirmer, afirmou que a população gaúcha vive “uma guerra”, reflexo de uma crise global de segurança, e caracterizou o sistema prisional como “caótico”. “Visitei alguns presídios, Presídio Central e outros, e, olha, o inferno de Dante é o paraíso perto do que vi. É, infelizmente, um depósito de ser humanos, uma fábrica de criminosos”, declarou ressaltando que 6 mil pessoas foram presas em 22 meses, sem aumentar o número de vagas. “Esse assunto é prioridade. Há soluções, mas que demandam algum tempo”. 


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