Susepe e Judiciário adotam medidas para coibir incêndios em alojamentos do semiaberto

Susepe e Judiciário adotam medidas para coibir incêndios em alojamentos do semiaberto

Sete casos foram registrados em um mês no Rio Grande do Sul

Correio do Povo

Penitenciária Modulada Estadual de Osório ocorreu no dia 22 de março

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A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e o Poder Judiciário estão adotando as primeiras medidas para coibir a repetição dos incêndios criminosos em alojamentos do regime semiaberto. Sete casos foram registrados em menos de um mês: Presídio Estadual de Erechim, Presídio Estadual de Sarandi, na Penitenciária Estadual de Rio Grande, no Complexo Penitenciário de Canoas, no Instituto Penal de Carazinho, na Penitenciária Modulada Estadual de Osório e no Presídio Estadual de Dom Pedrito.

A primeira ação ocorreu na tarde de quarta-feira. Após a perícia comprovar que o incêndio no Alojamento 2 do Presídio Estadual de Erechim foi criminoso, os 61 detentos que estavam no local terão regressão cautelar de pena, retornando do regime semiaberto para o fechado. A decisão foi tomada durante reunião entre a Vara de Execuções Criminais de Erechim e Susepe.

Os incêndios propositais em casas prisionais, ocorrido em menos de um mês, deixando inclusive seis apenados mortos e outros dez feridos em Rio Grande. Todos ocorreram em alojamentos destinados aos detentos do regime semiaberto.

Na manhã de ontem, o secretário estadual da Segurança Pública, Cezar Schirmer, avaliou a situação. Ele entende que um das causas da onda de incêndios seria a recuperação do sistema prisional por parte do poder público.

“Estamos construindo, ampliando e reformando presídios; ocupando o Complexo Penitenciário de Canoas que tem um sistema diferente; colocando bloqueadores de celulares lá e em outros presídios, e chamamos também os agentes penitenciários do concurso”, citou como exemplo.

“É o Estado retomando o controle do sistema prisional que abdicou durante décadas. Estamos enfrentando essa questão”, enfatizou o secretário, apontando ainda o trabalho de recuperação e ressocialização dos apenados. “Isso incomoda o crime”, assinalou.

Cezar Schirmer também considerou, como causa dos incêndios criminosos nos estabelecimentos penais, o fato dos detentos do semiaberto acreditarem que, ateando fogo, seriam levados à prisão domiciliar ou usariam tornozeleiras eletrônicas.

“Não aconteceu isso. Ao contrário: está havendo regressão pro sistema fechado. Estamos identificando os responsáveis e transferindo de presídios. Estamos agindo”, declarou, revelando que os setores de inteligência da Polícia Civil, Brigada Militar e Superintendência dos Serviços Penitenciários estão “avaliando a dimensão do que está acontecendo”.

O secretário comentou ainda sobre a decisão da Câmara dos Deputados que concluiu na noite de quarta-feira a votação do projeto de lei criando o Sistema Único de Segurança Pública (Susp). A proposta foi aprovada por 268 votos a dois, com uma abstenção. A matéria segue agora para apreciação do Senado. O objetivo do Susp é tornar mais eficaz e integrada a atuação dos órgãos policiais, compartilhando informações com o Ministério Extraordinário da Segurança Pública.

“É um avanço em relação ao que é hoje”, disse Cezar Schirmer. No entanto, ele lembrou que o Rio Grande do Sul já avançou na integração. “O SIM/RS-Sistema de Segurança Integrada com Municípios do Rio Grande do Sul é de certa um pouco isso: trabalhar em conjunto”, afirmou. “Trabalhamos com a cooperação e colaboração”, acrescentou. Ele entende que o Susp “vai no caminho certo”.

O único destaque aprovado para a criação do Susp, que contou inclusive com o apoio do relator do projeto, deputado Alberto Fraga (DEM-DF), foi o que obrigava ao profissional de segurança pública a preservação do local do crime. Por maioria simples, os parlamentares decidiram retirar o parágrafo que previa que os integrantes do Susp, na ausência do órgão com atribuição legal, devem preservar a área do crime “para posterior prosseguimento dos atos procedimentais cabíveis”.

Para o deputado Subtenente Gonzaga (PDT-MG), não seria possível cumprir a medida com o baixo número de delegacias presentes nos municípios brasileiros. Segundo ele, o texto era genérico e poderia dar a interpretação de que os agentes deveriam permanecer em locais com baixo potencial ofensivo.

“Qual a preocupação que temos com esse texto? Ele diz que o policial que faz o trabalho ostensivo, como rodoviários, militares e guardas municipais, quando chegar no local da ocorrência, tem que preservar o local. Todos nós temos clareza que (em crimes como) homicídio, haverá concretamente a preservação até a chegada da perícia. Mas nos demais crimes, até por uma razão da estrutura do Estado, não teremos”, justificou, defendendo a necessidade de os policiais se deslocarem do local para prosseguirem com a ocorrência.

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