"Suspeitei dele quando nem a família queria perto", diz mãe de brasileiro assassinado

"Suspeitei dele quando nem a família queria perto", diz mãe de brasileiro assassinado

Antonia dos Anjos conta que filho estava ajudando Begoleã há meses e que o suspeito praticamente morava em sua casa

R7

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Antonia dos Anjos, mãe do brasileiro assassinado em Amsterdã, na Holanda, contou em entrevista exclusiva ao R7 detalhes da relação da família com Begoleã Fernandes, suspeito de praticar o crime antes de ser preso em Portugal na segunda-feira (1º).

O filho conheceu Begoleã quando trabalhavam fazendo entregas como motoboy. Alan Lopes é descrito como um rapaz solidário e generoso, que fez amizade com o suspeito e começou a ajudá-lo, já que ele estava vivendo em uma situação vulnerável no país. Begoleã estava morando num quartinho no quintal da família de Antonia, porque não tinha residência fixa. Ela conta que ficou sensibilizada com situação do rapaz, porque ele estava ilegalemente no país e passava por dificuldades, mas começou a suspeitar de certas atitudes. 

"Ele sumia e reaparecia o tempo todo. Em uma das últimas vezes que nos vimos, ele estava dormindo na minha sala, eu desci para fazer café e começamos a conversar. Ele me contou que quando estava no Brasil a família ficava indo pra cima dele", lembra a mãe de Alan que disse não ter entendido a afirmação.

"Então ele disse 'minha família não me quer lá, não me quer perto deles' e eu até comentei com minha amiga que estava em casa no dia 'poxa, se a própria família não quer ele perto, não deve estar fazendo coisas boas'".

Antonia também recorda de um pedido estranho que o amigo do filho fez para ela. "Ele bateu na minha porta no meio da noite, só estava eu e minha filha, e pediu o meu cartão do lixo emprestado. Aqui na minha cidade você precisa de um cartão para acessar o container das lixeiras, e ele disse que precisava usar para descartar lixo tóxico", relembra. "Ele disse 'dona Antonia, eu preciso jogar fora uns sapatos e umas roupas, porque, quando eu estive no Brasil, uns amigos jogaram material radioativo nas minhas roupas, e isso me deixou muito doente. Quando eu adoeço, a radiação vai pra minha roupa e para o meu calçado, então eu preciso jogar fora".

Antonia diz que ficou muito confusa com o pedido, achou a história desconexa e sentiu que algo estava errado com o rapaz. Porém, por não entender muito do assunto, acabou emprestando o cartão. Ele retornou para devolver e essa foi a última vez que os dois se viram.

O assassinato de Alan

No dia do crime, Antonia e sua filha Kamila estavam viajando para Paris, enquanto Alan ficou em casa. "Domingo à noite a namorada do Alan ligou pra minha filha e deu a notícia. Os amigos do Alan arrombaram a casa com a polícia e encontraram o corpo no meu quarto. Ele foi morto na minha cama", lamenta.

Segundo a mãe, Alan foi pego de surpresa e há sinais de que ocorreu uma luta corporal.  "A pessoa que fez isso mandou mensagem pro melhor amigo do Alan admitindo o que tinha feito".
 Antonia evita citar o nome de Begoleã quando relata o que sabe sobre o assassinato.

"Ninguém acreditou, o amigo do meu filho até xingou ele pela brincadeira, mas quando viu que não era mentira, chamou outras pessoas do grupo e foi pra porta da minha casa. Quando eles não conseguiram entrar, chamaram a polícia", afirma. Agora a família pede por justiça. "Ele claramente era uma pessoa com problema, e eu só quero que pague pelo que fez de forma justa".

Antonia ainda pede que respeitem a memória de seu filho, já que a mãe do suspeito divulgou versões controversas da história.

"Eu entendo que ela seja mãe, e que de certa forma tenha perdido o filho dela também, mas isso não quer dizer que ela possa desrespeitar o Alan. Meu filho não está aqui para se defender. Ela alega que o Alan devia dinheiro pro filho dela, o que não é verdade. Na realidade, era ele que devia para o meu filho, e muito ainda. O Alan ajudava ele demais, com tudo. Meu filho tinha um coração gigante".


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