Tráfico em condomínio gera R$ 1 milhão por mês à viúva de líder de facção em Porto Alegre, diz PC

A Polícia Civil segue no encalço da viúva do ex-chefe de uma facção. Após a morte dele, a mulher de 46 anos teria assumido o controle do tráfico de drogas no condomínio Princesa Isabel, no bairro Azenha, em Porto Alegre. A estrutura, conhecida também como 'Carandiru', serve de base para o grupo que, segundo a corporação, movimenta aproximadamente R$ 1 milhão por mês.

Conforme revelado pelo Correio do Povo, a atual líder do esquema seria Jurema Cristina Marques Perez, a 'Tina'. Mesmo morando no Rio de Janeiro, ela administraria a renda ilícita do Carandiru, através de familiares e empresas de fachada. 

Tina é procurada desde o dia 14 de novembro, quando foi deflagrada a Operação Heres. "Ela mora em um apartamento de luxo na Barra da Tijuca, mas não foi localizada durante as diligências", afirmou a delegada Laura Lopes, titular da 19ª DP, que coordenou a ação.

Foi nessa mesma ofensiva que, apesar de não terem conseguido localizar Tina, os policiais prenderam uma ex-estagiária do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), de 26 anos, suspeita cobrar R$ 200 pela venda de informações aos traficantes. Ela permanece presa preventivamente e vai responder por associação ao tráfico. 

Essa mesma ação também resultou na captura de Francielle Marque Perez, filha de Tina, suspeita de gerenciar o tráfico no Carandiru em nome da mãe. Após a Justiça entender que a investigada é responsável por cuidar de três filhos pequenos, ela acabou sendo solta e cumpre prisão domiciliar em um condomínio de alto padrão em Gravataí, na região Metropolitana.

Além de mãe e filha, o marido de Francielle também é alvo de investigação. Apontado por gerenciar a facção ao lado da esposa, ele foi preso no dia 10 de novembro, no aeroporto de Campinas, em São Paulo, antes de embarcar para Paris, na França.

O Correio do Povo tenta contato com a defesa de Jurema Cristina e Francielle Marques Perez. O espaço permanece aberto para manifestações. 

Herdeira do tráfico

Tina é prima de Alexandre Goulart Madeira, o 'Xandi'. Tido como líder maior do tráfico no condomínio Princesa Isabel, ele foi morto a tiros em 2015, em Tramandaí, no litoral Norte. Além disso, ela também é ex-esposa de Renato Fao Gambini, considerado um dos fundadores de uma facção com base no Vale do Sinos e sucessor de Xandi. 

Após a morte de Gambini na Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan), que teria sido causada por um infarto, em novembro do ano passado, Tina foi apontada como chefe do Carandiru. Desde antes da falecimendo do marido, ela mora no Rio de Janeiro, com duas filhas adolescentes e o filho, Dyonathan Luis Marques Perez, de 28 anos.

Suspeito de envolvimento em um tiroteio que deixou três mortos na zona Sul de Porto Alegre, o filho de Tina chegou a ser preso no estado carioca, em 13 de outubro de 2022. Ele acabou sendo solto e responde em liberdade. 

De acordo com o Ministério Público, Tina controla o tráfico na Capital gaúcha à distância, utilizando, além de familiares, empresas de fachada. O MP afirma que ela já atuou no ramo de automóveis, produção de eventos, serviços de guincho, estacionamentos, lavagem automotiva, entre outros. 

"As empresas que constam em seu nome estavam inativas em parte do período e quando funcionavam não geravam renda", sustentou o órgão em 2018.