Traficante mais procurado de Porto Alegre pode estar fora do RS, diz Polícia

Traficante mais procurado de Porto Alegre pode estar fora do RS, diz Polícia

Maicon Donizete Pires dos Santos, o 'Red', pode estar no Paraguai ou em outros estados do Brasil

Marcel Horowitz

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O pivô de uma guerra entre facções na zona Norte de Porto Alegre pode estar escondido em outros estados ou até mesmo no Paraguai, apontam as forças de Segurança. Maicon Donizete Pires dos Santos, o 'Red', é procurado desde o final de setembro, quando abandonou a antiga organização criminosa e formou a própria quadrilha, dando início ao confronto no bairro Mário Quintana. 

"Ele está foragido, tudo indica que fora do estado", declarou o chefe de Polícia, delegado Fernando Sodré.

O traficante de 32 anos foi o alvo principal da Operação Golpe de Estado — nomeada em referência ao rompimento dele com os comparsas — no dia 23 de outubro. A ação envolveu mais de 200 policiais e resultou na captura de 14 criminosos. Red, no entanto, não foi localizado.

O comandante do 20º BPM, tenente-coronel Rafael Tiaraju de Oliveira, confirma que Red é o principal alvo das forças de Segurança na Capital. "Atualmente, ele é o líder de facção mais procurado de Porto Alegre. É o número um", enfatizou. 

"[Prender] ele é a nossa prioridade", afirmou o diretor do Departamento de Homicídios, delegado Mario Souza. Ainda de acordo com ele, pelo menos sete mortes têm ligação direta com o conflito na zona Norte, área que registra o maior índice de homicídios em Porto Alegre.  

Maicon Donizete Pires, o Red 

Apoio de facção no Paraná

Na última quinta-feira, surgiram suspeitas que o foragido estaria sendo apoiado por bandidos de outro estado, após a prisão de um homem no bairro Cecília, em Viamão, na região Metropolitana. Detido por porte ilegal de armas, durante uma ação do 18º BPM, ele seria integrante de uma organização criminosa com berço no Paraná.

O paranaense foi capturado na mesma região onde moram familiares do criminoso procurado, onde ele ainda tem influência. Os investigadores não descartam a possibilidade do homem que foi preso estar ali a serviço de Red.

Comparsas no Paraguai

Outra hipótese sobre o paradeiro de Red seria o Paraguai. Conforme o Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc), o núcleo da facção no bairro Mário Quintana movimenta aproximadamente R$ 1 milhão por semana, através do tráfico de entorpecentes, vindos na maior parte do país vizinho. Além disso, foi lá que ex-comparsas dele foram presos, como no caso de José Dalvani Nunes Rodrigues, o 'Minhoca', caputado em 2016, em Ciudad del Este. 

Minhoca, que cumpre pena na Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, já foi patrão de Red. Após ter sido enviado para fora do estado, o tráfico no bairro Mário Quintana passou a ser comandado pelo irmão dele, Wagner Nunes Rodrigues, o 'Minhoquinha', encarcerado na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).

No entanto, a ausência do principal líder no estado gaúcho permitiu que Red acumulasse poder suficiente para romper com os irmãos. 

Preso em 2010

Red não é um novato no crime organizado. Conhecido também como "Bruxo da Safira"  — em referência ao tráfico na Vila Safira  — o histórico de crimes dele teve início há pelo menos 13 anos, acumulando registros por dois homicídios, lavagem de dinheiro, organização criminosa, tráfico de drogas e posse irregular de arma de fogo.

Apesar dos antecedentes, o criminoso foi preso apenas uma vez, em 2010, sendo colocado novamente em liberdade onze meses depois. 

Comando Nova Geração

Enquanto permanece oculto, Red lidera uma quadrilha que se denomina de 'Comando Nova Geração'.

Uma das práticas do grupo para atrair outros criminosos é o fato de não cobrar restituição sobre apreensões. Em outras palavras, quando um traficante é preso, geralmente a facção a qual ele pertence exige o ressarcimento dos valores perdidos com drogas e armas apreendidas. O bando de Red, no entanto, passou a dispensar esse tipo de cobrança dos seus integrantes. 

Além de fundar uma nova facção, ele também teria se aliado a traficantes das vilas Jardim e Cruzeiro, além do Loteamento Timbauva. Contudo, três dos líderes desses grupos, conforme revelado pela reportagem, foram interrogados na Pasc e negaram qualquer envolvimento com Red. 



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