Aliados de Bolsonaro brigam no WhatsApp por articulação política

Aliados de Bolsonaro brigam no WhatsApp por articulação política

Joice Hasselmann entrou em confronto com senador eleito Major Olímpio e dupla trocou alfinetadas na madrugada

R7

Joice Hasselmann se apresentou como líder do governo

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Um grupo de WhatsApp nomeado “Bancada PSL 2019” foi palco de um bate-boca na madrugada desta quinta-feira. Os protagonistas da discussão foram a deputada eleita Joice Hasselmann (PSL-SP) e o senador eleito por São Paulo Major Olímpio (PSL-SP), que debateram sobre a relação dos congressistas do partido de Jair Bolsonaro com a futura bancada.

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A troca de mensagens foi revelada pelo jornal O Globo e tem, inclusive, a participação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente eleito. Nelas fica claro que alguns parlamentares se irritaram com Hasselmann, que se apresentou como liderança do partido nas articulações com o governo.

A deputada acusa o partido de fazer articulação política "abaixo da linha da miséria" e se colocou como alguém que está fazendo o trabalho para melhorar o diálogo com os políticos no Congresso, o que provocou reação de aliados.

Troca de alfinetadas

Major Olímpio começou a discussão em tom mais ameno. "O presidente se reuniu comigo e com o delegado Waldir por sermos veteranos, para ajustarmos a interlocução na Câmara e no Senado (...) Nenhum de nós quatro pedimos articulador para nos representar, ao contrário, se assim acontecer, será desconsideração conosco. Tanto Waldir quanto eu recebemos as orientações do presidente que deixou bem claro que não tem nada definido para liderança de nada e que o partido lutasse pelos espaços".

Joice respondeu, citando “disputas de espaço pouco republicanas” no partido. "Não vou jogar fora a interlocução que tenho, que construí muito antes de ser candidata, por vaidades, ou disputas de espaço pouco republicanas. Comigo é de forma clara, como tenho feito com vocês. Qualquer dúvida, podem me procurar no privado. Nossa articulação oficial na Câmara e no Senado, repito, está abaixo da linha da miséria."

A futura deputada escreveu que ouviu reclamações de senadores por falta de diálogo entre o governo e o PSL. Foi nesta hora que Flávio Bolsonaro, que assumiu recentemente a conversa com os políticos da casa, entrou na discussão. "Interessante que hoje, no Senado, ouvi a seguinte frase de cinco senadores: 'não temos interlocução nenhuma com o governo e com o PSL no Senado' e me pediram ajuda."

O senador eleito também rebateu Hasselmann, que seguiu a discussão.

Major Olímpio: "Os senadores que você diz que articula estão mal informados. Temos quatro senadores atuantes. Quanto ao Waldir, ele perguntou ao presidente se havia restrição em ele se colocar à liderança do partido ou do governo na Câmara e o presidente disse que não fazia restrições a ninguém".

Joice Hasselmann: "Quanto ao Waldir, não é essa informação que tenho. Também sugiro falar com a instância correta: o presidente Bivar".

Major Olímpio: "Quanto ao Waldir, eu estava junto na conversa com o presidente. Boa noite".

Clima quente

Olímpio pode até ter tentado dar a palavra final e encerrar a briga. Mas o clima só esquentou.

Joice Hasselmann: Interessante saber que o senhor está articulando à revelia da bancada e do presidente do partido. Sugiro conversar com a bancada e com presidente da sigla. Boa noite.

Major Olímpio: "De jeito nenhum. O presidente que chamou a mim e ao Waldir em agenda oficial. Nada escondido, em perfeita sintonia com o presidente Bivar, que hoje me designou para representá-lo e ao PSL no Congresso Nacional de Câmaras Municipais. Não estou me metendo nas articulações da Câmara e sim apoiando o LÍDER EDUARDO E VICE-LÍDER WALDIR PORQUE ME ELEGI SENADOR E É LÁ QUE TENHO QUE ARTICULAR. Eu respeito hierarquia e respeito meus colegas parlamentares. Eu [não] PERCO TEMPO COM QUEM NÃO É LÍDER. Boa noite".

Joice Hasselmann: "Uma pequena correção, major. Bolsonaro o elegeu senador, com todo respeito. Ademais, o senhor deveria 'perder' um pouco do seu tempo com a bancada, além do líder, porque o senhor TEM OBRIGAÇÃO. Isso não é um quartel, major, é um partido. Se o senhor não aprender a conciliar, prejudicará a todos, o PSL nacional e o governo Bolsonaro".

Major Olímpio: "Sei que não é quartel. No quartel, todos têm papel definido, têm responsabilidades, respeitam os companheiros. Pergunte aos deputados antigos e novos se dou atenção e respeito? Eu perco todo o tempo com todos os parlamentares que pedem ajuda ou conselho, mas respeito cada um deles. A humildade e o respeito cabem em todos os lugares. Nunca menosprezei ninguém me insinuando para qualquer função desconsiderando os demais. Aliás, o mais bobinho aqui é deputado federal e senador e sabem distinguir quem é quem. Boa noite".

Joice Hasselmann: "Acho que a bancada não tem sido muito ouvida pelo senhor, major. Agora é meio tarde para pedir. Uma pequena patota não é a bancada. Ainda dá tempo de consertar. Boa noite”.

Major Olímpio: "Não serei eu que terá que rever seus conceitos e consertar. Não estou pedindo nada. Não tenho patota. O tempo mostrará muito rápido quem é quem".

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