Anistia Internacional pede depoimento de Dilma à Comissão da Verdade
Entidade de Direitos Humanos questiona falta de depoimentos públicos sobre a Ditadura
publicidade
“Qual seria o impacto de audiência pública em que a presidente contasse sua história como sobrevivente de tortura e se comprometesse a banir esse crime do país?”, questionou a Anistia, enfatizando sua defesa dos direitos humanos. Para a instituição, o Brasil poderia repetir a experiência da África do Sul, onde os testemunhos eram transmitidos em programas de rádio e TV.
O documento considera que o Brasil demorou para criar a sua comissão da verdade em comparação aos vizinhos latino-americanos. “Nos últimos 30 anos foram criadas mais de 40 comissões da Verdade, a maioria em países da América Latina e da África, para investigar crimes contra a humanidade cometidos em regimes autoritários ou guerras civis”, cita a análise, que também elogia a Guatemala por ter condenado seu ex-ditador, general Efrain Rios Montt, por genocídio e outros crimes contra a humanidade. Apesar da demora, a Anistia considera que o Brasil pode se beneficiar da experiência dos países que tiveram suas comissões da Verdade.
O documento cita como avanços descobertas relativas ao caso do ex-deputado Rubens Paiva, e a correção do atestado de óbito do jornalista Vladimir Herzog , estabelecendo seu assassinato em dependências do Estado e refutando a farsa do suicídio. “De importância histórica, também, é o levantamento das violências cometidas contra povos indígenas pela ditadura, iniciado pela comissão. São passos essenciais na luta por verdade, memória e justiça no Brasil”, define a Anistia.
Para a Anistia Internacional, o Brasil tem uma "oportunidade única de romper com padrões de violações de direitos humanos que ainda persistem em muitas instâncias do Estado no país". A entidade considera que o relatório final deve ter contribuições para as políticas públicas e que possa servir de base para processos judiciais nos questionamentos à Lei de Anistia.