Após Janot entregar lista ao STF, senadores falam em não precipitar julgamentos

Após Janot entregar lista ao STF, senadores falam em não precipitar julgamentos

Para Jucá, que já responde a inquérito, as delações não representam uma “verdade” por si só

Agência Brasil

Para Jucá, que já responde a inquérito, as delações não representam uma “verdade” por si só

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O anúncio de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o pedido de abertura de 83 inquéritos para apurar fatos envolvendo pessoas com foro privilegiado, com base nas delações premiadas de executivos da Odebrecht, repercutiu imediatamente no Senado.

Um dos parlamentares que já respondem a inquérito na Corte, o senador e líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), deu o tom de cautela que foi adotado por praticamente todos os colegas, independentemente do partido. Para Jucá, as delações não representam uma “verdade” por si só, e é preciso apurar com celeridade quem cometeu ou não crime.

“Colocar uma nuvem negra sobre toda a classe política é um desserviço para o Brasil, porque, se queimar a política, em substituição à política, virá a aventura. E a aventura já se mostrou não ser boa para o Brasil nas formas que aconteceu”, disse.

Outro que já responde a inquérito relacionado à Operação Lava Jato, o senador Edison Lobão (PMDB-MA), presidente da Comissão de Constituição e Justiça, lembrou que, junto com o pedido de abertura de novas investigações, Janot pediu o arquivamento de sete inquéritos em curso. Para Lobão, isso é um indicativo de que nem sempre as delações se confirmam.

“É até uma forma de permitir àqueles que foram delatados a possibilidade de uma explicação convincente. Vários inquéritos foram arquivados. E foram arquivados porque os investigadores nada encontraram em relação àqueles que foram delatados”, afirmou.

Lobão lembrou ainda que o ex-relator da Lava Jato no Supremo ministro Teori Zavaski – que morreu no ano passado –, deu despachos ressaltando que as delações deveriam ser vistas com reserva porque elas “nada mais significavam que um roteiro para as investigações”.

Transparência

O senador petista Paulo Rocha (PA) cobrou do novo relator, ministro Edson Fachin, o atendimento do pedido do procurador-geral para abertura do sigilo das delações, de modo que a investigação se mostre “profunda”. “Nós, do Partido dos Trabalhadores, defendemos a fundo as investigações, mas elas têm que ser às claras. Portanto, delações, investigação, têm que ser publicitadas para que o cidadão tenha o direito de se defender não somente perante a sociedade, mas também juridicamente, para processar a sua defesa.”

Para Rocha, tanto o Ministério Público quanto o juiz Sérgio Moro começaram “errando nesse processo, porque só publicitavam aqueles que lhes interessavam politicamente”, promovendo um impacto político “seletivo”.

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