Araújo diz que visita de Pompeo não serviu de palanque eleitoral para Trump

Araújo diz que visita de Pompeo não serviu de palanque eleitoral para Trump

Ministro das Relações Exteriores reforçou que visita teve por objetivo discutir a imigração venezuelana na região

AE

Ministro das Relações Exteriores reforçou que visita teve por objetivo discutir a imigração venezuelana na região

publicidade

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou nesta quinta-feira que a visita a Roraima do secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, não serviu de plataforma eleitoral para o presidente americano Donald Trump, que tenta a reeleição em novembro. Araújo participou de sessão da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, que o convidou para explicar a visita, na última sexta-feira.

Roraima faz fronteira com a Venezuela e é foco de uma operação do governo brasileiro, apoiada pelos EUA, para acolhimento de venezuelanos que deixam o país governado por Nicolás Maduro. Araújo discordou das críticas à visita de Pompeo. A embaixada americana no Brasil informou que a visita do secretário teve por objetivo discutir com o chanceler brasileiro a imigração venezuelana na região.

A visita, que ocorre em meio à campanha presidencial nos EUA, foi alvo de críticas de parlamentares, entre eles o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que afirmou que a conduta do governo brasileiro no episódio não "condiz com a boa prática diplomática internacional" e afronta as políticas brasileiras externa e de defesa.

Nas três horas em que esteve em Boa Vista, ao lado de Araújo, Pompeo conheceu as instalações da Operação Acolhida, que recebe imigrantes venezuelanos, e endureceu o discurso contra o presidente Nicolás Maduro, a quem chamou de "narcotraficante". O chanceler brasileiro divergiu de comentários sobre o uso eleitoral da visita ao Brasil, a fim de criticar o governo venezuelano em momento de corrida presidencial.

Araújo argumentou que há uma "grande convergência" entre republicanos e democratas nos EUA sobre como se posicionar em relação à Venezuela - o país e o Brasil estão entre as nações que não reconhecem o governo de Maduro e consideram o opositor Juan Guaidó como presidente.

"Foi dito, e talvez seja uma das críticas principais à visita do secretário Mike Pompeo, que ela foi uma plataforma eleitoral para as eleições de novembro nos EUA. Bem, não é assim. Um dos elementos que mostra que não é assim é que existe nos Estados Unidos uma grande convergência entre republicanos e democratas sobre a situação na Venezuela", disse Araújo.

Para o chanceler brasileiro, "tudo indica" que a posição dos EUA em relação à Venezuela e ao governo Maduro não mudará com uma eventual vitória da oposição, cujo candidato é o democrata Joe Biden. "Não faz muito sentido pensar nisso como uma plataforma eleitoral, já que não há diferença substantiva entre posição de republicanos e democratas em relação à Venezuela. Ou seja, tudo indica que, se houver uma vitória democrata nas eleições de novembro, a atitude norte-americana para a Venezuela continuará exatamente a mesma", disse Araújo.

Araújo foi questionado pela senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) se o Brasil está preparado para o risco de uma derrota de Trump - o presidente Jair Bolsonaro é um admirador de Trump e não esconde a torcida pela vitória dele na eleição. O chanceler disse que uma eventual vitória de Biden não trará mudanças nas relações entre os dois países.

"Não é fato que a proximidade do Brasil seja com Trump, e não com os EUA. Isso é uma interpretação, um direito da senhora, mas é ao contrário. Tudo o que estamos fazendo com os EUA tenho certeza que é de interesse permanente para os dois países. Um governo democrata, provavelmente, manteria esse mesmo enfoque, a menos que queiram trabalhar contra os seus próprios interesses, que tenho certeza que não seria o caso".


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895