Ataque com explosivos em cemitério saudita não muçulmano de Jidá deixa vários feridos

Ataque com explosivos em cemitério saudita não muçulmano de Jidá deixa vários feridos

Episódio é o segundo contra interesses franceses, após a agressão contra um guarda do consulado do país europeu nesta cidade

AFP

Polícia fechou as ruas próximas ao cemitério em Jidá

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Várias pessoas ficaram feridas em um atentado com explosivos nesta quarta-feira, no cemitério não muçulmano de Jidá, oeste da Arábia Saudita, durante a cerimônia de recordação do armistício da Primeira Guerra Mundial, em um momento de revolta contra a França pela publicação das charges do profeta Maomé. Este é o segundo ataque contra interesses franceses em Jidá, após a agressão contra um guarda do consulado do país europeu nesta cidade, em 29 de outubro passado.

"A cerimônia anual que recorda o fim da Primeira Guerra Mundial no cemitério não muçulmano de Jidá, da qual participaram vários consulados, entre eles o da França, foi alvo de um ataque com explosivos que deixou vários feridos", afirmou o Ministério francês das Relações Exteriores, que condenou com "veemência o ataque injustificável".

As autoridades sauditas não divulgaram até o momento qualquer detalhe sobre o ataque, ou um balanço de feridos. A polícia saudita fechou os acessos ao cemitério localizado no centro de Jidá. Vários países recordam nesta quarta-feira o 102º aniversário do armistício assinado entre a Alemanha e os aliados para acabar com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

França e Áustria foram alvos nas últimas semanas de ataques extremistas vinculados à publicação de charges do profeta Maomé. As declarações do presidente Emmanuel Macron sobre o direito de mostrar estas ilustrações em nome da liberdade de expressão provocaram revolta no Oriente Médio e em todo mundo muçulmano. Em sua interpretação estrita, o Islã proíbe qualquer representação de Maomé.

Macron prometeu que não renunciaria ao direito de mostrar as imagens satíricas do profeta após a decapitação em outubro de um professor francês que, poucos dias antes, exibiu as imagens em uma aula sobre liberdade de expressão.

Em alguns países de maioria muçulmana, foram organizadas campanhas de boicote contra produtos franceses, e os fiéis reagiram com ira às declarações do presidente francês. Alguns chegaram a queimar fotos de Macron.

Em uma entrevista posterior, Macron admitiu, no entanto, que as charges podem ferir a sensibilidade dos muçulmanos, destacando que há muitas "manipulações" e atitudes "violentas" ao redor das imagens.

França, Áustria, Alemanha e a União Europeia (UE) organizaram na terça-feira uma reunião por videoconferência para tentar reforçar a resposta europeia ao terrorismo.

Criticada por sua promoção do wahabismo, que defende um islã rigoroso, a Arábia Saudita busca mudar sua imagem, com reformas sociais adotadas nos últimos anos com o estímulo de Mohammed bin Salman, que ao mesmo tempo acentuou a repressão aos dissidentes desde que assumiu o posto de príncipe herdeiro em 2017.


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