Bancada do MDB na Assembleia pretende anunciar ingresso no governo Leite nesta sexta

Bancada do MDB na Assembleia pretende anunciar ingresso no governo Leite nesta sexta

Reunião da executiva com os deputados vai sacramentar decisão

Flavia Bemfica

Futuro líder da bancada, o deputado Edson Brum diz que é natural que o partido seja cortejado

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O MDB está a um passo de ingressar no governo de Eduardo Leite (PSDB). A executiva estadual do partido e os deputados estaduais se reúnem nesta sexta, às 13h, para anunciar sua posição. Entre os atuais parlamentares, internamente, é unânime o entendimento de que o MDB deve fazer parte da futura administração. A exceção declarada, por enquanto, é o deputado estadual eleito Sebastião Melo, que defende que o partido permaneça independente. Na executiva estadual, esta também é a posição inicial do presidente da legenda, o deputado federal Alceu Moreira. Ambos serão voto vencido. A bancada já fez uma reunião prévia e tirou sua posição.

“Por coerência, o bom era não entrar. Porque a população nos colocou na oposição. Mas não há como impor nada a ninguém. O partido não pode se dar a autoridade de fazer monitoramento passo a passo dos debates dos parlamentares. Temos que buscar o equilíbrio”, resume Moreira. Segundo o dirigente, o trâmite inclui, após a reunião e a decisão da bancada, um convite do governador especificando pontos e, na sequência, uma avaliação do diretório. Tudo, conforme ele, será feito até o fim de dezembro, como querem os deputados estaduais. Na prática, após a decisão de amanhã, a ratificação do diretório se torna uma formalidade.

A proximidade do fim da atual administração emedebista, o encaminhamento de votações importantes na Assembleia e a montagem do futuro governo pressionam a decisão. Os parlamentares avaliam que o MDB está ‘perdendo tempo’ na ocupação ou manutenção de espaços importantes da máquina pública. “Temos votações importantes em curso e o governo está em uma fase de composição. Então, na reunião de amanhã, resolvemos nossa posição”, informa o deputado Vilmar Zanchin, mais cotado na bancada para assumir uma secretaria com a adesão ao governo Leite.

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O principal argumento que vem sendo utilizado pelos parlamentares para justificar o ingresso na administração tucana após a disputa eleitoral que colocou MDB e PSDB em lados opostos é de que as plataformas dos dois partidos são muito semelhantes e não há motivo para os emedebistas ficarem na oposição. “É difícil fazer oposição ao que se defendeu até ontem. Precisamos ter coerência”, afirma Zanchin. “Eu defendo que a gente fique no governo. Nunca tive posição diferente dessa. Qual é o motivo para não ingressar? Se ficarmos fora, vamos fazer que tipo de oposição?”, completa o deputado Gilberto Capoani.

Apesar da posição sacramentada internamente, o futuro líder da bancada, deputado Edson Brum, adota tom cauteloso. Ele se limita a dizer que é natural que a bancada do MDB seja cortejada. “Será a maior bancada da Assembleia (dividirá o título com o PT, cada um com 8 deputados), sempre foi uma referência. Se eu fosse governo não gostaria de ter o MDB na oposição nunca. É uma bancada articulada, forte, que sabe trancar e destrancar a pauta”, resume.

Em mais um gesto para romper resistências, Leite solicitou formalmente, via coordenação da equipe de transição, que o governador José Ivo Sartori (MDB) não demita os cargos em comissão que hoje estão na administração. O governo atual havia anunciado que as exonerações seriam publicadas na última semana do ano. A justificativa oficial para a solicitação é evitar a desorganização das estruturas. Na prática, a medida beneficia centenas de emedebistas que hoje ocupam cargos em diferentes escalões, bem como também integrantes de outras siglas que não estavam na aliança de Leite e se aproximaram após a eleição, como o PR e o PSB.

“A política é feita também por gestos e é preciso reconhecer que o governador eleito tem feito vários. O fato de dizer que não é candidato à reeleição, que não quer demitir os cargos em comissão porque precisa compor governo, que quer ao máximo construir um pacto pelo Estado, isso é importante. A eleição passa e a cada dia o processo vai se distensionando”, lista Alceu Moreira.

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