Bancada do MDB na Assembleia pretende anunciar ingresso no governo Leite nesta sexta
Reunião da executiva com os deputados vai sacramentar decisão
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“Por coerência, o bom era não entrar. Porque a população nos colocou na oposição. Mas não há como impor nada a ninguém. O partido não pode se dar a autoridade de fazer monitoramento passo a passo dos debates dos parlamentares. Temos que buscar o equilíbrio”, resume Moreira. Segundo o dirigente, o trâmite inclui, após a reunião e a decisão da bancada, um convite do governador especificando pontos e, na sequência, uma avaliação do diretório. Tudo, conforme ele, será feito até o fim de dezembro, como querem os deputados estaduais. Na prática, após a decisão de amanhã, a ratificação do diretório se torna uma formalidade.
A proximidade do fim da atual administração emedebista, o encaminhamento de votações importantes na Assembleia e a montagem do futuro governo pressionam a decisão. Os parlamentares avaliam que o MDB está ‘perdendo tempo’ na ocupação ou manutenção de espaços importantes da máquina pública. “Temos votações importantes em curso e o governo está em uma fase de composição. Então, na reunião de amanhã, resolvemos nossa posição”, informa o deputado Vilmar Zanchin, mais cotado na bancada para assumir uma secretaria com a adesão ao governo Leite.
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O principal argumento que vem sendo utilizado pelos parlamentares para justificar o ingresso na administração tucana após a disputa eleitoral que colocou MDB e PSDB em lados opostos é de que as plataformas dos dois partidos são muito semelhantes e não há motivo para os emedebistas ficarem na oposição. “É difícil fazer oposição ao que se defendeu até ontem. Precisamos ter coerência”, afirma Zanchin. “Eu defendo que a gente fique no governo. Nunca tive posição diferente dessa. Qual é o motivo para não ingressar? Se ficarmos fora, vamos fazer que tipo de oposição?”, completa o deputado Gilberto Capoani.
Apesar da posição sacramentada internamente, o futuro líder da bancada, deputado Edson Brum, adota tom cauteloso. Ele se limita a dizer que é natural que a bancada do MDB seja cortejada. “Será a maior bancada da Assembleia (dividirá o título com o PT, cada um com 8 deputados), sempre foi uma referência. Se eu fosse governo não gostaria de ter o MDB na oposição nunca. É uma bancada articulada, forte, que sabe trancar e destrancar a pauta”, resume.
Em mais um gesto para romper resistências, Leite solicitou formalmente, via coordenação da equipe de transição, que o governador José Ivo Sartori (MDB) não demita os cargos em comissão que hoje estão na administração. O governo atual havia anunciado que as exonerações seriam publicadas na última semana do ano. A justificativa oficial para a solicitação é evitar a desorganização das estruturas. Na prática, a medida beneficia centenas de emedebistas que hoje ocupam cargos em diferentes escalões, bem como também integrantes de outras siglas que não estavam na aliança de Leite e se aproximaram após a eleição, como o PR e o PSB.
“A política é feita também por gestos e é preciso reconhecer que o governador eleito tem feito vários. O fato de dizer que não é candidato à reeleição, que não quer demitir os cargos em comissão porque precisa compor governo, que quer ao máximo construir um pacto pelo Estado, isso é importante. A eleição passa e a cada dia o processo vai se distensionando”, lista Alceu Moreira.