Bolsonaro faz reunião com empresários e Toffoli e diz temer "colapso da economia"

Bolsonaro faz reunião com empresários e Toffoli e diz temer "colapso da economia"

Presidente foi ao Supremo para levar a situação do setor industrial diante da crise do novo coronavírus

AE

Bolsonaro disse que teme que a economia brasileira fique como a da Venezuela

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Enquanto o País bate recordes diários de mortes por coronavírus e Estados temem a superlotação do sistema de saúde, o presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou ter preocupação com o "colapso da economia". "Economia é vida", disse. A declaração foi feita durante reunião que promoveu entre empresários e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, na sede da Corte.

Representantes da indústria e o ministro da Economia, Paulo Guedes, foram ao Supremo com o presidente para levar a situação do setor industrial diante da crise do novo coronavírus. "Estamos com empresários que representam mais de 30 milhões de empregos no País", disse Bolsonaro, destacando que não adianta ficar em casa e a economia ser "esmagada".

Segundo ele, o grupo do empresariado foi ao STF levar as "aflições" do setor. O presidente defendeu que o combate à covid-19 e a manutenção dos empregos são um desafio de todos os Poderes.

Alguns dias após participar de ato antidemocrático contra o STF e o Congresso Nacional, Bolsonaro falou em união para evitar uma crise econômica no País e agradeceu pela acolhida de Toffoli no início da tarde desta quinta-feira, 7.

"A nossa união, a coragem que nós temos para enfrentar esse problema é que pode evitar que o País mergulhe em uma crise econômica. Economia é vida. E um país onde a economia não anda, a expectativa de vida vai lá para baixo", afirmou Bolsonaro. "Então, a razão da vinda dos empresários é isso, todos nós no mesmo propósito e ideal... Preocupados com a vida, sim, mas a questão do emprego e da economia, isso também é vida", emendou.

Venezuela

O presidente disse, ainda, que teme que a economia brasileira fique como a da Venezuela. "Quando Guedes fala da Venezuela, é em referência à economia venezuelana, porque chega um ponto que fica muito difícil recuperar", disse o presidente.

Novas críticas a governadores

Bolsonaro também voltou a criticar as ações de governadores, que em grande parte defendem e mantém o isolamento social como medida de combate da Covid-19, ao dizer que foram "um pouco longe demais nas medidas restritivas". "Alguns Estados foram um pouco longe nas medidas restritivas e as consequências estão batendo na porta de todos."

Bolsonaro sentou entre o presidente do Supremo Tribunal Federal e Guedes. Também estavam presentes ministros como Walter Braga Netto (Casa Civil) e Fernando Azevedo (Defesa). Um dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), também estava entre os presentes.

Guedes

Paulo Guedes afirmou que "a economia está começando a colapsar" por causa da pandemia de Covid-19. O ministro disse que Bolsonaro sempre alertou que a segunda onda da pandemia seria o colapso na Economia.

"A indústria passou que está difícil e a economia está começando a colapsar. Ao ouvir relato de empresários, presidente disse para compartilhar com Supremo", afirmou Guedes, que atravessou a pé Praça dos Três Poderes junto com Bolsonaro e empresários para se reunirem com Dias Toffoli.

Guedes citou as medidas tomadas pelo governo, as quais, segundo ele, preservaram mais de 5,5 milhões de empregos com programas criados. Para o ministro, a indústria informou que poderia suportar dois ou três meses os efeitos da pandemia na economia, mas "a informação é que talvez os sinais vitais não sejam preservados por tanto tempo", disse. "Em vez de sairmos como urso hibernado, talvez seja o caso (de) o colapso total."

Guedes informou também que pediria que o presidente vetasse o aumento de salários até dezembro de 2021 previsto como contrapartida para o socorro a Estados e Municípios. "A contribuição que pedimos era não haver aumento do funcionalismo", ressaltou Guedes.

Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo do Instituto Aço Brasil e coordenador da Coalizão Indústria, lembrou que o setor industrial representa 45% do PIB, 65% das exportações e 30 milhões de empregos diretos e indiretos. "Existe a necessidade de colocarmos a roda para rodar", disse.


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