Boulos promete plebiscito para revogar medidas do governo Temer se for eleito

Boulos promete plebiscito para revogar medidas do governo Temer se for eleito

Pré-candidato à presidência pelo Psol veio a Porto Alegre para cumprir agenda

Henrique Massaro

Guilherme Boulos defendeu candidatura de Lula

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Abrir um plebiscito para que a população decida se quer manter ou revogar todas as medidas do governo do presidente Michel Temer. O pré-candidato à presidência da República, Guilherme Boulos (PSol) afirmou que, se eleito, essa será sua primeira providência. O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), tido como um dos principais nomes à esquerda para o próximo processo eleitoral, está em Porto Alegre desde sexta-feira, quando foi até a Ocupação Povo Sem Medo, na Zona Norte.

Na visita, Boulos reforçou a luta das ocupações de terra e a reforma urbana como bandeiras, além deter defendido legitimidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorrer no processo de outubro. Se eleito presidente, Boulos prometeu chamar um plebiscito logo em 1º de janeiro de 2019, primeiro dia de governo. Ao questionar todas as medidas do atual presidente, criticou fortemente a aprovação da Reforma Trabalhista, que segundo ele coloca os trabalhadores na informalidade e em um cenário de ausência de direitos, e a Emenda Constitucional 95, que prevê a interrupção de investimentos públicos nos próximos 20 anos. “Foram dois anos de estrago. Para começar a botar o país no eixo precisa desfazer esse estrago”, afirmou.




O enfrentamento ao governo Temer é, de acordo com Boulos, uma pauta que une à esquerda como um todo por envolver questões e valores que consideram fundamentais. Ao comentar sobre a existência de divisões entre os partidos esquerdistas, o pré-candidato disse considerar natural que ocorra divergência de opiniões. “Na esquerda existem posições diferentes, diversidade. Felizmente, aqueles que querem transformar a sociedade não trabalham na lógica do pensamento único”, explicou.

As diferenças, que admite ter até mesmo com o projeto do PT e aos limites dos governos petistas, não fazem com que Boulos deixe de reforçar que considera legítima a candidatura do ex-presidente Lula, preso desde o dia 7 de abril. “O fato de termos um projeto próprio, não quer dizer que a gente vai ser conivente com injustiça. A tentativa de tirar o Lula do processo eleitoral é, evidentemente, um caso ismo. Uma condenação sem qualquer prova e política. Prendê-lo é um absurdo, um disparate.”

Ao defender Lula, o coordenador nacional do MTST não considera que sua candidatura ao Planalto possa acabar enfraquecida. “Muito pelo contrário, a fortalece. Porque a coloca como uma candidatura que tem princípios, lados e que não abre mão por qualquer calculo eleitoral”, considerou.

Ele ainda entende que a prisão do ex-presidente expressa uma crise democrática e uma violência política no Brasil, que relaciona, por exemplo, com o assassinato de Marielle Franco no Rio de Janeiro. De acordo com ele, o Psol seguirá propagando seus ideais e cobrando para que se descubra os responsáveis pelo crime, revindicação que, afirma, não é só do partido, mas da sociedade como um todo.



Militante no MTST há 16 anos, Boulos deixou claro aos integrantes e representantes da Ocupação Povo Sem Medo que a bandeira de sua campanha será a defesa das ocupações por terra e a luta por moradia. “É algo que vamos vocalizar de boca cheia no país afora, em todos os debates eleitorais, porque é uma oportunidade, inclusive, para quebrar preconceitos”, disse.

Além da visita na ocupação da zona Norte, ele tinha na Capital um encontro com a comunidade Palestina, uma aula pública e uma palestra. A agenda continua até a tarde deste sábado.

“Eu não abro mão,de um presidente que faz ocupação”, assim gritaram Boulos os representantes do MTST e da ocupação de Porto Alegre. Em um terreno de cerca de cinco hectares nas proximidades da avenida Severo Dullius, bairro Sarandi, 31 famílias – 614 pessoas – foram cadastradas pelo Movimento há cerca de oito meses. De acordo com Eduardo Osório, um dos integrantes, o espaço estava abandonado há décadas e com o pagamento de impostos atrasado pelos responsáveis.


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