Câmara técnica da Saúde retira de pauta relatório que vetava kit Covid

Câmara técnica da Saúde retira de pauta relatório que vetava kit Covid

Mudança, que destinava cloroquina apenas para tratar doenças reumatológicas ou malária, desagradou governistas

R7

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Mesmo pronto para discussão e previsto em ata, o relatório que iria excluir, de vez, o uso de medicamentos do "kit Covid" para tratar pessoas acometidas com a doença foi retirado de pauta da reunião da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), desta quinta-feira (7). Oficialmente, a alegação do Ministério da Saúde é que o documento carece de aprimoramento, mas, nos bastidores, a informação é que a ordem veio "de cima". 

Desde que assumiu o ministério, Marcelo Queiroga é pressionado por autoridades de saúde e técnicos da pasta a rever os protocolos para tratamento medicamentoso ambulatorial de paciente acometidos com a Covid-19. O assunto, no entanto, é espinhoso, já que o próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, e seus apoiadores bancaram a defesa do uso de medicamentos como a cloroquina, hidroxicloroquina e a ivermectina para tratar a doença, mesmo não havendo comprovação científica sobre a eficácia dos fármacos neste contexto. 

A diretriz — lançada pelo então ministro Eduardo Pazuello, em maio de 2020, após o antecessor, Nelson Teich ter se recusado a assinar a medida — continua valendo e a nova discussão estava parada até o momento. O novo relatório, no entanto, reavaliou a aplicação de anticoagulantes, azitromicina, anticorpos monoclonais, budesonida, colchicina, cloroquina e hidroxicloroquina, corticosteroides sistêmicos, ivermectina, nitazoxanida e plasma convalescente no tratamento da Covid. 

As conclusões foram que "azitromicina e hidroxicloroquina não mostraram benefício clínico e, portanto, não devem ser utilizadas no tratamento ambulatorial de pacientes com suspeita ou diagnóstico de Covid-19". Por outro lado, foi dado como incerto o benefício do uso de anticoagulantes, budesonida, colchicina, ivermectina, nitazoxanida e plasma convalescente em pacientes ambulatoriais. 

"Dessa forma, nenhuma das tecnologias em saúde avaliadas foi indicada para uso de rotina no tratamento ambulatorial do paciente com suspeita ou diagnóstico de Covid-19", dizia o relatório. Visto que as conclusões colocam em xeque toda a defesa bancada pela ala governista para o tratamento da Covid-19, a exclusão do kit Covid e as novas orientações desgastariam ainda mais a condução adotada para o enfrentamento da pandemia no país. Nos bastidores, esse é o motivo pelo qual o debate sobre o tema está sendo, mais uma vez, postergado. 

Oficialmente, o Ministério da Saúde informou que "o coordenador do grupo de especialistas, que está elaborando as diretrizes do tratamento ambulatorial dos pacientes com Covid-19, solicitou que o relatório fosse retirado de pauta pela publicação de novas evidências científicas dos medicamentos em análise". Por isso, o documento só deve voltar a ser pautado após a finalização dos aprimoramentos. 


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