Cancelada audiência pública para debater venda das ações do Banrisul

Cancelada audiência pública para debater venda das ações do Banrisul

Conforme deputado Tiago Simon, uma nova data será agendada 'em breve'

Samantha Klein

Banrisul recuou de venda de ações

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O presidente da Comissão de Economia da Assembleia Legislativa, Tiago Simon (MDB), decidiu cancelar a audiência pública que seria realizada no dia 4 de setembro para discutir a venda de ações do Banrisul. Conforme o parlamentar, uma nova data será definida em conjunto com o governo do Estado. "Fiz um gesto de cortesia porque o líder do governo (Frederico Antunes, do PP) deu a entender que nessa data seria bem difícil contar com a participação dos representantes do governo. O parlamentar pediu mais prazo e acredito que uma nova data poderá ser definida em breve", sustenta.

Apresentado pelos deputados Fábio Ostermann (Novo) e Sebastião Melo (MDB) e aprovado pela Comissão de Economia por 11 votos contra 1, o requerimento de audiência pública convidava o governador Eduardo Leite e outros representantes a explicar as razões que levaram o Piratini a tomar a decisão de realizar uma oferta pública de ações do banco. Melo, surpreso com a informação, disse que o Parlamento não tem que pedir licença ao Executivo para realizar audiência. Já Ostermann afirmou que a reunião foi cancelada por pressão do governo. 

Em junho, o Banrisul anunciou o interesse do governo estadual de vender ações do banco. Segundo Ostermann, vender ações pulverizadas sem abrir mão do controle acionário do banco reduz o valor individual que seria pago por ação e diminui a rentabilidade do negócio como um todo. O líder da bancada do Partido Novo destacou que a operação seria mais rentável se o Estado deixasse de ser dono do banco. 

De acordo com a assessoria de imprensa do parlamentar, uma estimativa “realista” demonstra que o valor de mercado do Banrisul é de R$ 9 bilhões. Em caso de privatização e uso desse valor para abater a dívida com a União, o Rio Grande do Sul deixa de receber o lucro anual de R$ 200 milhões e, em contrapartida, deixa de pagar R$ 700 milhões por ano em juros e amortização do débito com a União. Hoje, o Estado não vem pagando a parcela mensal da dívida por força de liminar do Supremo Tribunal Federal (STF).

Parte da controvérsia ocorre porque, ao se desfazer das ações, o Piratini fará com que o Estado abra mão de receber uma fatia considerável da receita que obtém com o banco. A perda nos dividendos é estimada em R$ 150 milhões por ano. Além disso, vender ações pulverizadas até o limite do controle acionário impede que no futuro o banco amplie seu capital e realize novas ofertas.


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