Caso de estupro coletivo exige respostas emblemáticas, diz secretária de Direitos Humanos

Caso de estupro coletivo exige respostas emblemáticas, diz secretária de Direitos Humanos

Flávia Piovesan relatou indignação com culpabilização da vítima de estupro coletivo no Rio de Janeiro

Correio do Povo e Rádio Guaíba

Flávia Piovesan relatou indignação com culpabilização da vítima de estupro coletivo no Rio de Janeiro

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O estupro coletivo de uma adolescente no Rio de Janeiro chocou o Brasil e o mundo nas últimas semanas e a secretária nacional de Direitos Humanos, Flávia Piovesan, classificou o episódio como "caso emblemático que demanda respostas emblemáticas". Ela lamentou, no entanto, que a luta contra a violência sexual de mulheres só tenha sido lembrada após um fato tão chocante. 

"Em primeiro lugar, eu gostaria de me solidarizar e dizer que essa violação é uma barbárie, uma crueldade de extremo grau. Viola diretamente a integridade física, mental e moral de todas as mulheres brasileiras. É um caso emblemático que demanda respostas emblemáticas em três esferas", disse nesta segunda-feira em entrevista à Rádio Guaíba. 

As esferas referidas por Flávia são no sentido do dever do estado de investigar, processar, punir e reparar os danos à luz da perspectiva de gênero. "O crime ocorreu sobretudo porque a vítima é uma menina, uma mulher. E o que agrava a situação é a vulnerabilidade da idade, por se tratar de uma adolescente", acrescentou.

Para a secretária, outro aspecto importante deste caso e que sirva de exemplo para outros é a necessidade de assistência integral à vítima. "Temos que olhar para os suspeitos, mas também temos que olhar para a vítima, que precisa ser acolhida. O terceiro pular é lidar com ações preventivas, medidas que apontem para uma educação não sexista", completou Flávia, que também é procuradora do estado de São Paulo.  

Relativização do caso 

A secretária nacional de Direitos Humanos relatou indignação com a relativização do caso e com a culpabilização da vítima. "Estou indignada com a hipocrisia de transformar a vítima em ré, como se ela tivesse oportunizado a cultura do estupro. Não há como aceitar isso. É fruto de uma ideologia machista e sexista. Fiquei perplexa com as perguntas feitas pelo delegado e acho que a adolescente não pode sofrer ainda a violência institucional", declarou Flávia 

Flávia se apresentou como uma "obcecada pelos direitos humanos" e garantiu não ter vínculos políticos para desempenhar seu papel à frente da secretaria. "Acho que direitos humanos é uma política de estado e não de governo. Não jogo para o público e fico feliz de tentar contribuir e possibilitar algun avanços na pasta", concluiu. 

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